Por: Analítica Comunicação (Assessoria de imprensa do Instituto Ethos)
A capital paulista recebeuno dia 13 de agosto o Festival +DH, um evento de debate e ação sobre Direitos Humanos e combate às desigualdades no Brasil promovido pelo Instituto Ethos, que aconteceu durante a Conferência Ethos, na Vibra São Paulo, de forma gratuita. Realizado em parceria com o Centro de Excelência Jean Monnet em Negócios e Direitos Humanos da FECAP Business School, o Festival promoveu diálogos estratégicos que conectam sociedade civil, empresas e poder público para impulsionar soluções reais, por uma mobilização para um futuro mais justo e inclusivo a partir dos temas da desigualdade, do cuidado e dos defensores ambientais.
O primeiro painel trouxe o tema sobre “Os custos das desigualdades e a urgência de uma governança corporativa em direitos humanos”, que se propôs a refletir sobre os impactos concretos das desigualdades sociais, raciais e econômicas no Brasil, e como esses custos afetam diretamente a produtividade, o crescimento econômico e a coesão social. “Não estamos observando melhora nos quadros da concentração de renda e da iniquidade entre as condições de vida, o que tem implicações profundas, não só no acesso a bens, e desenvolvimento econômico, mas na injustiça flagrante que essa desigualdade perpetua”, disse Andréa Álvares, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, que mediou a conversa.
Michael França, pesquisador do Insper e membro do Comitê Estratégico do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, explicou que há muitas evidências de quanto a desigualdade afeta o crescimento econômico dos países. “Muitos que têm recurso poderiam aprender e se aprofundar nas discussões, mas não saem da superficialidade. Enquanto esse grupo que tem todas as oportunidades e recursos não se apropriarem desse discurso, a gente enquanto sociedade terá muita dificuldade para mudar o país na medida que precisamos”, alertou.
“Diversidade e inclusão são pilares que fazem parte da estratégia porque impactam a cadeia como um todo. É um tema transversal, assim como a agenda climática. Nenhuma empresa se desenvolve numa sociedade doente”, disse Luciana Nicola, superintendente de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco. A executiva exemplificou as ferramentas realizadas, como o acesso ao crédito realizado de uma forma responsável e investimento social privado.
“É um diálogo multistakeholder, de muitos atores estratégicos para a discussão de como eles podem trazer soluções diferentes. Na nossa cadeia de valor tem muito espaço para crescimento”, finalizou Rafael Miranda, professor e co-diretor do Centro de Excelência Jean Monnet sobre Empresas e Direitos Humanos da FECAP.
Cuidados: uma corresponsabilidade de toda a sociedade
O painel “DEI e a Política Nacional de Cuidados: Corresponsabilidade e Transformações no Mundo do Trabalho” reuniu especialistas para discutir o papel estratégico do cuidado como pauta nas empresas a partir da Política Nacional de Cuidados, coordenada pelo Governo Federal. “Essa é uma agenda civilizatória. As práticas empresariais estão ligadas à desconstrução de alguns paradigmas e precisam ter visão integrada do que significa apoiar a prática do cuidado”, argumentou Ana Lucia Melo, diretora-adjunta do Instituto Ethos.
A gerente de Projetos do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Adriana Phillips Ligiéro, explicou a importância desse marco da política pública. “A Política Nacional de Cuidados foi uma construção interministerial e contou com ampla consulta à sociedade civil. Pela primeira vez o cuidado é reconhecido como trabalho, apesar de ser uma pauta feminista há muito tempo. Essa é uma atividade que sustenta todos os trabalhos. É direito e necessidade de todas as pessoas tanto de ser cuidado quanto falar no direito de cuidar”.
Ciente de que o cuidado ainda é realizado majoritariamente pelas mulheres, Helio Santos, professor da UFBA e conselheiro do Instituto Ethos, também trouxe o recorte racializado da problemática. “Existe uma raiz histórica sobre o papel das mulheres negras no cuidado. Nossa principal herança masculina é europeia e feminina, é negra e indígena. Elas são as grandes avós do Brasil. Essa pauta seria de reparação histórica porque vai em direção a essas mulheres”.
O debate também falou sobre o papel do setor privado que pode ter uma agenda comprometida oferecendo creches, realizando formações para os funcionários e até ofertar cuidotecas, onde as crianças ficam enquanto seus pais trabalham ou estudam.
Impunidade e violência contra os defensores ambientais
O Festival debateu ainda a situação de risco enfrentada por defensores e defensoras ambientais no Brasil, a partir de diferentes perspectivas e experiências no painel “Defensores Ambientais em foco: desafios, perspectivas e caminhos para a Proteção Socioambiental”. Temas como democracia ambiental, justiça socioambiental e a urgência de soluções colaborativas para enfrentar a crise climática e a violência contra defensores, promovendo a construção de uma agenda comum entre os diversos setores foram levantados. “Outra questão que a gente precisa encarar é um debate honesto sobre a democracia plena com igualdade, diversidade, equidade, solidariedade, que está em risco porque o estado e as empresas colocam o lucro acima das pessoas”, disse Glaucia Marinho, diretora-executiva da Justiça Global.
Nicole Verillo, cofundadora e gerente de Apoio e Incidência Anticorrupção da Transparência Internacional – Brasil, trouxe como a corrupção tem um papel no ciclo de impunidade e violência. “Ela domina todo sistema de justiça. Quando o poder público é omisso em relação aos crimes ambientais e contra os defensores, se passa a mensagem de que o crime compensa e é permitido. A impunidade fortalece a violência e a corrupção”.
“Nosso maior desafio hoje se chama Congresso Nacional, que considero o pior da história, e que está votando leis para acabar com os territórios indígenas. Ele promove o etnocídio e a destruição de uma floresta que vai impactar a cada um de nós. O impacto da floresta vem pra cá”, alertou Neidinha Suruí, ativista dos direitos humanos e da natureza e conselheira do Instituto Ethos.
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