Por: Analítica Comunicação (Assessoria de imprensa do Instituto Ethos)

Durante o seminário preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2025, a COP30, promovido pela Controladoria-Geral da União (CGU), o diretor-presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, destacou que a agenda climática exige que o mundo supere as “promessas genéricas”, atue com transparência e integridade para construir credibilidade para a transição global necessária para fazer frente às mudanças climáticas.

Ao participar do evento “Seminário CTICC no marco da COP30 – Transparência, Integridade e Clima”, no painel “Casos de sucesso em transparência e integridade de organizações públicas e privadas relacionados à mudança do clima”, o presidente do Ethos afirmou que “a diferença fundamental entre um compromisso e um resultado está na capacidade de medir, publicar, prestar contas de forma clara, comparável, verificável, na perspectiva de produzirmos impactos efetivos que transformam a realidade da sociedade”.

Caio Magri enfatizou que a integridade socioambiental e climática não é apenas uma questão técnica, mas sim uma questão ética e política. Essa visão alargada de integridade socioambiental, de acordo com ele, é fundamental para ampliar as práticas empresariais, contribuindo para superar desafios como as desigualdades e a emergência climática, estratégia consolidada no tema da Conferência Ethos deste ano: “Impacta COP, Além do Clima”. Segundo Magri, é necessário “transversalizar e integrar as diferentes dimensões que são as causas da emergência climática, assim como as dimensões de suas consequências, como o aumento das desigualdades e o impacto sobre as populações marginalizadas e vulneráveis“. No contexto da Conferência, o Instituto Ethos lançará o documento “Impacta COP30: Além do Clima – Posicionamento e propostas do Instituto Ethos para uma atuação empresarial transversal em clima, direitos humanos, integridade e sustentabilidade”, uma iniciativa de mobilização empresarial, social e territorial com diretrizes e propostas para orientar a atuação do setor privado brasileiro na agenda climática e socioambiental.

Casos de Sucesso e Aprimoramento da Governança

O presidente do Ethos expôs exemplos que demonstram como a transparência e o controle impulsionam resultados positivos, com o compromisso com a verdade e a publicidade dos dados sendo o eixo comum. Ele mencionou o primeiro Relatório Bienal de Transparência do Brasil (BTR-1), entregue à ONU em 2023, considerado um marco, respeitando o novo regime do Acordo de Paris. “O relatório cumpre um padrão de rastreabilidade e auditoria que exige muito mais confiança nos números e serve de base para decisões políticas e econômicas coerentes com as metas de descarbonização”, avaliou. Citou também o Sistema de Estimativas de Emissões de Gás de Efeito Estufa (SEG), ferramenta de dados abertos e auditáveis, coordenado pelo Observatório do Clima, que se transformou em uma referência mundial, fornecendo “transparência efetivamente cidadã”.

No campo empresarial, Magri afirmou que a questão da integridade se manifesta nas decisões estratégicas, na governança, na comunicação e, principalmente, na coerência entre discurso e prática.

Ele citou,  ainda, três exemplos internacionais que demonstram transparência na influência política e em projetos de remoção de carbono: Ørsted (Dinamarca), empresa que migrou de petroleira para energia eólica e publica relatórios de advocacy, revelando suas posições políticas e o alinhamento de seu lobby com as metas de descarbonização; Delta Airlines (EUA), que também lista suas atividades de lobby climático, diretas ou indiretas, abrindo debates sobre a coerência entre o que diz e o que defende nos bastidores; e Microsoft, que, em parceria com a startup brasileira Regreen, criou um modelo de restauração florestal em larga escala, com metas públicas e salvaguardas socioambientais auditáveis. “Isso inclui transparência contratual em projetos de remoção de carbono, onde comunidades locais e investidores têm acesso a dados de desempenho e impacto”, observou.

Balanço Ético Global

Caio Magri defendeu uma nova ética de transparência, em que divulgar não é suficiente, sendo preciso comunicar de forma compreensível, dialógica, verificável e útil. Ele afirmou que o “Balanço Ético Global”, é um conceito emergente que busca avaliar o progresso do mundo na implementação da Agenda 2030 e do Acordo de Paris.

O Balanço Ético não se baseia apenas em metas técnicas (emissões, PIB verde), mas sim em critérios éticos universais, como justiça socioambiental, solidariedade, responsabilidade compartilhada e integridade institucional”, explicou. “A ideia é muito simples e muito poderosa, porque o mundo não precisa apenas de um balanço de carbono, mas de um balanço da coerência moral,” declarou Magri. Para o diretor-presidente do Ethos, o Brasil tem a oportunidade de consolidar uma cultura em que “cada tonelada de carbono evitada, cada hectare restaurado, cada real investido em transição justa seja registrado, monitorado e avaliado com rigor e clareza”.