Por: Analítica Comunicação – Assessoria de imprensa do Instituto Ethos
O setor empresarial no Brasil está atento às definições da 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorre até 21 de novembro em Belém (PA). Pesquisa inédita do Instituto Ethos com suas associadas, realizada por questionário em outubro passado, revela que, apesar do interesse na conferência, as empresas ainda precisam avançar em questões essenciais na pauta socioambiental e na contribuição ao enfrentamento das mudanças climáticas.
A íntegra da Pesquisa Ethos Impacta COP30, em parceria com a GlobeScan, organização global especializada em pesquisas de percepção e tendências, foi apresentada na COP30 no dia 12/11, às 18h30, no Sesc Ver-o-Peso. O levantamento contemplou majoritariamente companhias de grande porte (94%), sendo que a maioria dos respondentes (51%) ocupa cargos de alta liderança ou gerência.
A pesquisa mostrou que menos da metade das empresas participantes apoiam iniciativas de transição justa ou monitoram seus impactos sociais de forma estruturada. Apenas 31% afirmaram desenvolver ou apoiar iniciativas voltadas à transição justa, enquanto 16% disseram estar em fase de planejamento e 61% não sabem ou não contam com políticas que envolvem essa temática. Em relação ao monitoramento de impactos sociais, somente 18% contam com mecanismos estruturados, e outros 22% indicaram possuir práticas parciais, porém ainda sem indicadores formalizados. Ainda segundo o levantamento, 96% dos afirmaram adotar medidas para mitigar impactos ambientais, mas apenas 41% produzem relatório formal de riscos climáticos.
Segundo o presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, as empresas brasileiras são fundamentais para mudar o cenário e contribuir com a construção de soluções climáticas. “As empresas precisam se responsabilizar, pois são importantes não apenas em termos de adaptação técnica e operacional, mas também no que diz respeito à influência sobre políticas públicas, engajamento com a sociedade e inovação para enfrentar as mudanças do clima. Por isso é tão necessário que o setor empresarial tenha metas nítidas de mitigação e adaptação climática”, diz.

Investimento e inovação
Outro tema abordado pela pesquisa foi o investimento em inovação e P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) para enfrentar a crise climática. 57% dos respondentes dizem investir em inovação ou P&D, e a maioria (57%) enfoca as áreas de economia circular e energia renovável (57%). A digitalização para eficiência ou Inteligência Artificial aplicada ao clima também conta com investimentos em 39% das empresas, e 36% investem em novos modelos de negócios sustentáveis.
A pesquisa ainda mostra que 65% das empresas não acessaram financiamento climático e alegam como barreiras para isso principalmente a falta de garantia financeira (27%), falta de projetos estruturados (27%), burocracia (20%), falta de equipe dedicada (18%) ou ausência de conhecimento técnico (18%).

Prioridades e recomendações
Ao serem perguntados quais temas consideram prioritários para o Brasil para ser debatido na COP30, as empresas destacaram: “Adaptação e resiliência aos efeitos das mudanças climáticas”, a “Justiça climática” e a “Redução de emissões de gases de efeito estufa (mitigação)”, cada item com 31% de menções.
Sob o ponto de vista de influência das empresas, elas responderam como tema prioritário o “Desenvolvimento soluções baixo carbono” (43%), “Redução de emissões de gases de efeito estufa (mitigação)” (35%) e “Expansão das tecnologias de energia renovável” (31%).

Segundo Caio Magri, os resultados evidenciam uma grande lacuna de engajamento efetivo com a agenda climática. Mesmo entre grandes organizações corporativas, ainda há baixa consciência sobre o tema e pouca capacitação para atuação estratégica.
A partir destes dados, o Ethos elaborou uma série de recomendações para as empresas, principalmente, para aumentar o engajamento, a atuação e contribuição para a construção de soluções climáticas, tais como:
- promover programas de sensibilização e formação contínua para ampliar o entendimento e a competência das lideranças e equipes sobre a agenda climática, incluindo empresas de todos os portes e regiões;
- oferecer ferramentas e capacitação para formalizar compromissos;
- adotar métricas sociais e ambientais e publicar relatórios transparentes, elevando o padrão de responsabilidade corporativa;
- incentivar projetos voltados a grupos vulneráveis e diversidade, promovendo parcerias com organizações da sociedade civil e monitorando impactos sociais das ações climáticas;
- investir em treinamentos, parcerias estratégicas e inovação aberta para superar barreiras estruturais e burocráticas, viabilizando projetos robustos e acesso a recursos financeiros;
- apoiar empresas na incorporação de metas e indicadores climáticos à governança corporativa e capacitar lideranças para atuação qualificada em advocacy e participação efetiva nas COPs, ampliando o impacto sistêmico;
- apoiar a divulgação transparente dos compromissos e resultados das empresas, consolidando seu papel como agentes de transformação na narrativa global da COP30.
Expectativa com a COP30
O engajamento das empresas na Conferência do Clima pode ser comprovado pelo resultado da pesquisa em relação às expectativas do setor empresarial em relação à COP30. A maioria (59%) afirma que participarão presencialmente ou de modo remoto da COP. Mas muitas são as barreiras e dificuldades apontadas pelas empresas para participar da COP, sendo a principal delas o custo elevado, motivo para 59% do total de respondentes, enquanto 41% disseram não ter clareza sobre como se engajar na COP, 37% justificaram questões logísticas e 22% não previram custo para isso.
Um percentual de 27% das empresas espera que a COP defina ações e resoluções concretas, 14% esperam como resultado resoluções sobre financiamento climático e 14% querem definições de compromissos nacionais e revisão do Acordo de Paris.
O levantamento também mostrou que as empresas veem a COP30 como oportunidade para liderar soluções e influenciar compromissos e políticas climáticas: 78% creem que o papel das empresas no evento é apresentar soluções boas e práticas, 73% entendem que o setor corporativo deve estabelecer compromissos e metas climáticas, 71% mencionaram o papel de influenciar políticas públicas para o clima, e 67% citaram a articulação entre sociedade civil e governo.
Perguntadas sobre as oportunidades que a COP30 representa para as organizações, 27% responderam ativação da marca e posicionamento ante a agenda climática. Acessar e desenvolver compromissos, iniciativas e soluções foi a resposta de 20% dos respondentes, 18% mencionaram parcerias para adaptação ou mitigação climática e 11%, financiamento climático.








