IPS mostra que o bom desempenho econômico e o progresso social desenham juntos a equação perfeita para as decisões de investimento privado.
Transformar estatísticas em melhorias reais na vida das pessoas. Para Michael Green, diretor executivo do Social Progress Imperative, este é o grande objetivo do Índice de Progresso Social (IPS), ferramenta desenvolvida pela Social Progress Imperative, uma organização sem fins lucrativos criada em 2012, nos Estados Unidos.
“Há algum tempo, sabemos que o crescimento econômico não pode mais nortear sozinho o desenvolvimento dos países. Então o IPS mede indicadores que olham para as necessidades humanas básicas, os fundamentos do bem-estar e as oportunidades”, explicou Green, que falou nesta terça-feira (22/9) na palestra especial “O Progresso Social e o Papel dos Negócios”, na Conferência Ethos 360° 2015.
O desempenho econômico, representado pelo produto interno bruto (PIB), não é considerado nos resultados do IPS, mas Green lembra que os indicadores de progresso social e econômicos caminham lado a lado. “Se o país é pobre, mas investe em melhoria no saneamento, em infraestrutura, faz avançar o progresso social. Por outro lado, países ricos têm problemas com a obesidade”, relatou.
Ele explicou que, nos Estados Unidos, por exemplo, “o IPS é bom, mas, se compararmos o país com outros que possuem PIB per capita semelhante, vamos ver que ele não é tão bom assim. Contudo, um impulsiona o outro”, observou o executivo da Social Progress Imperative .
Uma pesquisa da Deloitte apresentada na palestra especial mostrou que o melhor progresso social atrai mais investimento externo, que, por sua vez, impulsiona mais ainda o progresso social. É um círculo virtuoso. Isso porque a empresa quer investir em países que tenham mão de obra capacitada e uma boa educação, entre outros fatores. Assim, para a empresa que quer direcionar seus investimentos de forma responsável, o IPS é um grande aliado.
Na apresentação dos dados já apurados desde a criação do índice, Michael Green destacou que o mundo evoluiu nos últimos anos em temas com nutrição e saneamento básico, mas lamentou a falta de atenção para a sustentabilidade dos ecossistemas. “Trata-se de uma área que está sob maior risco e não recebe muita atenção. É preocupante”, disse.
No recorte por países, o diretor enfatizou o bom resultado brasileiro. “É o melhor desempenho em progresso social entre todas as economias emergentes. Está à frente da China, da Índia, da Rússia, da África do Sul e também de vizinhos como Argentina, Colômbia, Costa Rica e outros”. Os dados mostram que, entre os indicadores considerados, o item segurança pessoal é o que mais puxa para baixo a nota brasileira nas necessidades básicas do ser humano.
No Brasil, a Social Progress Imperative atua por meio da Rede #ProgressoSocial, que conta com parceiros importantes como o Instituto Ethos, a Natura e a Coca Cola. O principal resultado do trabalho em território nacional foi o IPS Amazônia. “Trata-se de um índice construído especificamente para a região, com indicadores elaborados a partir do diálogo com as comunidades locais e recortes por município. Os líderes governamentais da região têm usado os dados para ajudar em decisões de gestão, com foco em objetivos locais. E já temos bons resultados”, comemorou Green.
O diretor concluiu com a notícia de que experiência brasileira foi tão positiva que deve ser replicada em modelo semelhante na União Europeia. “O olhar local qualificou. Tornou mais prático, útil e produtivo, como precisa ser.”
Por Alice Marcondes (Envolverde), para o Instituto Ethos.
Foto: Clovis Fabiano