Diretor global da Accenture Strategy defende que nova organização de produção e consumo traz oportunidades infinitas.
O maior desafio da economia global, atualmente, é atingir metas de crescimento econômico com menor disponibilidade de recursos naturais. Se nada for feito para dar conta do contexto atual, no qual o consumo desses recursos supera a disponibilidade do planeta, a demanda total pode chegar, em 2050, a 150 bilhões de toneladas de combustível fóssil, biomassa e metais, entre outros itens. Em 2014, esse consumo chegou a 50 bilhões de toneladas.
Esse foi o foco da palestra especial “Tendências para as Cadeias de Valor”, de Peter Lacy, diretor global de Serviços e Sustentabilidade da Accenture Strategy, na Conferência Ethos 360° 2015. Ele salientou ainda que a escassez futura já está expondo países e empresas a muitos riscos. Por isso, o conceito de economia circular nunca foi tão atual e sua implementação, tão urgente.
A ideia da economia circular é simples: conserve os estoques de recursos naturais no nível mais alto possível de valor, eliminando o desperdício para sempre. E desperdício, no caso, é mais que apenas “lixo”. Significa também a subutilização de patrimônios e produtos.
Por exemplo, entende-se como desperdício, um produto descartável que não é reciclado. Ou até mesmo um carro que fica parado na garagem ou um eletrodoméstico que se usa uma ou duas vezes ao mês. Os materiais e o trabalho despendidos para a fabricação desses produtos não cumpriram seu potencial.
Como é possível transitar de uma economia “tradicional” para este novo parâmetro econômico? Essa é a questão crucial para Peter Lacy. De acordo com ele, existem cinco aspectos-chave nessa nova forma de economia circular: redes de fornecimento, recuperação e reciclagem, ciclo de vida de produtos, compartilhamento de plataformas, produtos e serviços.
O conceito de macroeconomia, portanto, é a atual realidade de negócios para se criarem vantagens competitivas.
Segundo Lacy, a economia circular cria ainda uma maior compreensão das empresas em relação a seus clientes. Com a mudança na forma de atende-los, a empresa torna-se também mais sustentável e, com isso, contribui para soluções mais assertivas no âmbito global.
“Eu acredito que a economia circular não é uma panaceia para todas as questões sociais, mas, ao menos no que se refere à visão ambiental, traz uma forma diferente de pensar o uso dos recursos naturais e ainda manter a prosperidade, o desenvolvimento. Sim, a economia circular pode ser considerada uma luz no fim do túnel. Mesmo com apenas 120 casos estudados, já é um começo”, afirmou Lacy.
Por Elisa Homem de Mello (Envolverde), para o Instituto Ethos.
Fotos: Fernando Manuel