“Como identificar problemas socioambientais e medir o impacto da colaboração intersetorial que busca impulsionar o progresso social?” foi a questão que permeou uma mesa de diálogo na Conferência Ethos 360º.

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Glaucia Barros, diretora programática da Avina América do Sul, Pedro Massa, diretor de valor compartilhado da Coca-Cola Brasil, Ronaldo Freitas, gerente de sustentabilidade da Natura, e Mauricio Florindo, agente de desenvolvimento da comunidade Viva, estiveram com o Instituto Ethos no dia 21 de setembro para apresentar ferramentas e mostrar a importância de mensurar o progresso social. Para adentrar ao tema, Glaucia Barros introduziu a plateia na aplicação do Índice de Progresso Social (IPS) na sociedade. “É uma ferramenta, uma unidade de medida que tem um diferencial, ele nasce do incômodo de uma pergunta que foi lançada em 2009 no conselho de filantropia e responsabilidade social do Fórum Econômico Mundial, que estava preocupado em como a gente garante impacto nas ações de responsabilidade social para as grandes questões econômicas, mas que certamente se relacionam com todo ecossistema que subjaz ao econômico e vice-versa”.

Fundación Avina, Fundação Skoll, Compartamos Banco, Cisco e Deloitte compraram esse desafio, em associação com o professor Michael E. Porter, da Harvard Business School, para a utilização do índice em 139 países. “Em 2013 a gente lança uma versão Beta com esse propósito de criar uma ferramenta, mas que tenha uma intencionalidade política bastante forte, bastante assertiva que é de trazer uma nova concepção de desenvolvimento, de qualificar o desenvolvimento por outra via que não exclusivamente econômica. Por isso, dentro dessa plataforma que são os Indicadores de Progresso Social nós não temos indicadores econômicos. Nós completamos esse quadro com variáveis que compõem três grandes linhas de componentes que se relacionam: as necessidades humanas básicas, os fundamentos do bem-estar e as oportunidades. A partir daí vamos estabelecer os indicadores que hoje falam sobre a situação de progresso social com essa concepção, integrando o crescimento econômico, com equidade, com cuidado ambiental e com democracia”, concluiu.

Como isso pode agregar valor para a empresa e como mensurar o impacto da atuação local foi o assunto abordado por Pedro Massa, que também contou como se deu o uso do índice pela Coca-Cola em comunidade extrativista do interior da Amazônia. “No final, a gente conseguiu consolidar um instrumento onde a gente tinha o setor público, o terceiro setor e o setor privado trabalhando juntos, alinhados numa mesma meta. Isso é fundamental para a gente ter uma estratégia de progresso social, uma estratégia alinhada de desenvolvimento compartilhado nesses territórios. O índice é a bússola que tanto as comunidades quanto as empresas estão utilizando para medir o progresso e identificar quais são as áreas-chave para atuação. Com isso a gente consegue ser muito mais eficiente”, disse, referindo-se à parceria com a Natura e líderes comunitários do território de atuação em questão.

Já Ronaldo Freitas falou sobre o empoderamento das comunidades e o benefício do índice para o seu desenvolvimento. “Com a aplicação, no final de 2014, do Índice de Progresso Social nós conseguimos fazer a comparação e vimos que estava muito dentro do que as organizações já haviam identificado. O índice veio validar o nosso diagnóstico e algo muito importante é que ele trouxe indicadores muito mais palpáveis de como superar esses desafios. O acesso ao nível superior nas comunidades é extremamente baixo, então conseguimos discutir com a CAPs para ter um curso superior de formação de professores à distância”, comemorou.

Mauricio Florindo, representante da comunidade Viva, localizada na Lapa, também deu destaque para a importância do índice na região em que atua. Segundo ele, “um dos problemas que a gente tinha era a falta de comunicação que existia entre a UBS e a comunidade, e no índice foi apontado que existia essa problemática. Com a apresentação do índice, nós do conselho gestor em contato direto com a comunidade conseguimos fazer a adequação da administração e a integração da administração da UBS com a comunidade. Hoje, a UBS da Lapa é uma referência com relação às subprefeituras da cidade. O índice veio realmente mostrar que problemas existiam e que, a partir de então, nós temos que atuar em cima desses índices”.  

 

Por Júlia Ramos, para o Instituto Ethos.  

 

Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes