Normas e reconhecimentos estimulam que nova cultura seja implementa nos negócios

Normas e certificações que orientam as empresas sobre a gestão contemplando a integridade foi o mote da mesa viabilizada pelo Sistema Firjan, “A eficácia dos programas de compliance nas empresas e em suas cadeias de valor: medidas de reconhecimento e certificação”, que aconteceu na Conferência Ethos 360º no Rio de Janeiro. Mediada por Juliana Soares, coordenadora de projetos de gestão para o desenvolvimento sustentável do Instituto Ethos, o debate contou com Luana Palmieri Pagani, coordenadora da Divisão de Relacionamento com Órgãos de Controle Externo do Sistema FIRJAN; Marisselma Santana, coordenadora da ABNT/CEE-278 – comissão de estudo especial antissuborno e com Renato Capanema, diretor de promoção da integridade e cooperação internacional no Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria Geral da União.

Marisselma detalhou a norma Antissuborno, publicada em outubro de 2016 em inglês e em março deste ano em português. “Um trabalho rico com 37 países que contém fundamentos da norma americana e também da norma inglesa”, destacou a coordenadora da ABNT. A diferença desta norma em relação a de Compliance (ISO 19600) é que essa disponibiliza as diretrizes, já a Antissuborno explica como tratar os casos e até as exceções. “A vantagem competitiva é um diferencial para as empresas que adotarem a norma Antissuborno, pois em breve a aplicabilidade da mesma poderá se tornar uma exigência”, disse Marisselma que apontou ainda como questões a serem consideradas: um programa de compliance robusto que evidencie a quem denunciar os casos de corrupção e uma política de retaliação.

“Apenas 10% dos negócios têm sistemas de compliance. Por isso integramos um grupo que discute esta questão inclusive com a realização de uma pesquisa, posteriormente workshops e por fim uma cartilha que possa traduzir o que é o compliance nos negócios neste sistema de indústrias”, explicou a Coordenadora da Firjan, Luana Palmieri Pagani. O sistema Firjan tem atuado em iniciativas normativas, que não devem ser obrigatórias, mas sim percebidas como essenciais, inclusive pela alta liderança da empresa. “A adesão é voluntária, a fim de não se tornar um programa proform, para inglês ver, mas sim, uma forma de gerir e de pensar a empresa. O reconhecimento é a cereja do bolo. A prova de que a empresa aderiu a esta cultura”, reforçou Luana.

Destacando a importância do reconhecimento às empresas que já implementaram boas práticas, Renato Capanema, da CGU, falou sobre o Pró-Ética, que tem o objetivo de reconhecer empresas que têm projetos bem estruturados anticorrupção. Segundo Capanema o programa foi criado para induzir às empresas a um tipo de comportamento. “As empresas podem influenciar a cadeia de valor, avaliando e contratando fornecedores quem também têm programas de integridade. Induzindo que sejam íntegras”, afirmou. Outra observação feita por Renato foi em relação ao aumento do interesse das empresas pelo Pró-Ética. “Esse ano 400 empresas se inscreveram. Em 2010 eram pouquíssimas, o mercado ainda não se interessava por este contexto. Não era considerado uma prioridade, algo oneroso”, avaliou.

Juliana, do Ethos, observou que o instituto disponibiliza ferramentas para auxiliar as empresas quanto a condutas éticas, como os Indicadores Ethos – Guia Temático: Integridade, Prevenção e Combate à Corrupção, que orienta as ações e prepara as empresas para a submissão ao selo Pró-Ética. “E ainda, no programa Cadeia de Valor, sobretudo na área da saúde, o Ethos vem desenvolvendo trabalhos com a temática da integridade e compliance dentro das empresas”, destacou a coordenadora do Ethos.

Foto: Thais Berlinsky