Matérias-primas da região amazônica e resíduos de cartões plásticos descartados se transformam em oportunidades para negócios duráveis.

A consolidação de uma economia sustentável oferece inúmeras oportunidades para empreendedores atentos. E isso não acontece apenas em grandes centros ou em rincões da Amazônia. São muitas as demandas da sociedade em direção à sustentabilidade. No segundo e último dia da Conferência Ethos 360° (25/9), na atividade “Desconstruindo a Sustentabilidade”, apoiada pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade, duas empresas mostraram que os caminhos para negócios com esse viés podem ser muito diferentes, mas podem levar aos mesmos lugares.

Das barrancas dos rios amazônicos veio o depoimento de Jorge Alberto Jr., diretor da Bombons Finos da Amazônia, que soube transformar os sabores da floresta em deliciosos chocolates recheados em mais de 15 sabores tropicais, como cupuaçu, araçá-boi, açaí, cúbio, castanhas, buriti e outros. Embalados em cascas de cupuaçu ou em cestos de palha trabalhados por comunidades ribeirinhas, os sabores dos bombons ainda não chegam a todo o Brasil, mas em breve poderão abrir franquias a alçar voos mais longos.

Três mil quilômetros ao sul, uma outra matéria-prima chamou a atenção do empreendedor Renato Soares de Paula, da Gráfica RS de Paula, empresa que produz cartões plásticos utilizados por bancos, crachás, bilhete único e outras aplicações, que viu no descarte desses produtos a oportunidade de criar a partir de processos de reciclagem. ”É um material de alta qualidade, que, descartado de forma incorreta, torna-se poluente”, explicou. Em parceria com entidades como o Metrô, bancos e outros grandes usuários, o empreendedor lançou o “papa-cartão”, um equipamento que recolhe e destrói automaticamente os cartões, transformando o resíduo em matéria-prima para uma série de outros produtos, como pranchetas, porta-copos e outras aplicações que transformam o lixo em produtos úteis, além de bonitos e coloridos.

As duas iniciativas mostram que empreender com viés e preocupação com sustentabilidade pode ser bastante lucrativo e tem uma ligação forte com a economia do amanhã. Na Amazônia muito se discute sobre a valoração da floresta em pé, mas as iniciativas de fato rentáveis são poucas. Por isso é importante um olhar estratégico para identificar e criar novas oportunidades. No caso da Bombons Finos, a floresta intacta é a maior fonte dos recursos utilizados. No caso da RS de Paula, os cartões descartados, que normalmente vão para o lixo comum, são a base de um novo negócio.

Veja a cobertura completa do evento em www3.ethos.org.br/ce2014/.

Por Dal Marcondes, da Envolverde, para o Instituto Ethos

Crédito: Fernando Manuel/Instituto Ethos.