Daniela Castro, Raí e Oded Grajew conversaram, no evento, sobre a importância de indicadores sociais de qualidade para a tomada de decisões nas políticas públicas.

Seja para balizar as políticas públicas, para avaliar o desempenho de gestores ou medir a eficácia de programas sociais, os indicadores e os dados estatísticos de qualidade são fundamentais. O assunto foi debatido durante o painel “Desafios de gestão: indicadores e metas para transformar as cidades”.

Diretora executiva da Atletas pelo Brasil, Daniela Castro, falou sobre os desafios enfrentados pela organização sem fins lucrativos que reúne atletas e ex-atletas e que lançou em 2012 o Programa Cidades do Esporte.

Com objetivos como promover o esporte nas políticas públicas e realizar um diagnóstico da situação do esporte e atividade física nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo, o programa foi abraçado pelos prefeitos desses municípios, que firmaram uma carta de compromisso com o projeto. “Tivemos uma dificuldade enorme em obter dados. Não há coordenação entre as prefeituras, cada uma utiliza um parâmetro diferente para os indicadores”, afirma Daniela.

Para ela, essa realidade deu uma dimensão de como os dados estatísticos são tratados no país. “Encontramos muitos dados incoerentes, percebemos que havia números que estavam errados”, diz ela.

Coordenador geral da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew comparou a situação dos dados estatísticos a um paciente em consulta médica. “Quando vamos ao consultório, o doutor nos pede exames e com base nesses indicadores é que vai prescrever um tratamento”, disse. Para ele, a dificuldade que há no Brasil de levantar indicadores está relacionada ao fato de que os gestores públicos não querem se expor à realidade que os números podem mostrar.

Já o ex-jogador de futebol e fundador da Atletas do Brasil e Fundação Gol de Letra, Raí Oliveira, destacou que a sociedade precisa ter acesso a informações como as fornecidas pelos indicadores para poder cobrar os gestores. Ele também falou sobre a importância da democratização do esporte no país. “O Brasil investiu uma grande soma em atletas de alto rendimento, mas não faz o mesmo para dar maior acesso ao esporte nas escolas públicas”, afirma.

 

Por Adriana Carvalho, para o Instituto Ethos.

 

Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes