Apesar de deter a maior parte da Floresta Amazônica, o Brasil deve andar em consonância com os outros países latino-americanos que possuem essa imensa riqueza natural. 

Quais são os desafios para a Amazônia, região que detém 50% da biodiversidade do mundo? De acordo com Adriana Ramos (Instituto Socioambiental, ou ISA), Sérgio Guimarães (Instituto Centro de Vida), Leonardo Lima (Arcos Dorados/McDonald’s América Latina) e Juan Fernando Reyes (Articulación Regional Amazónica), é preciso articular atores e formular políticas públicas que melhorem as tomadas de decisão em relação à biodiversidade local, diminuindo impactos e trazendo benefícios às comunidades. A região, cuja maior porção está no Brasil, também faz parte do território de Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

Ramos, que atualmente coordena o Programa de Política e Direito Socioambiental do ISA, relatou a necessidade de mapear e acompanhar as pressões e ameaças na Amazônia. “O desmatamento é a face mais visível das pressões. A decretação das áreas de proteção já diminui as ameaças. Por isso é preciso articular políticas de várias regiões, de países diferentes. O ponto é fazer planejamento na região”, disse.

Um ponto negativo observado por Reyes se relaciona à lei e aos governos. “A legislação de proteção da Amazônia na Bolívia é forte, mas não é cumprida. Estados devem priorizar o desenvolvimento sustentável na região de forma articulada, unindo países que detêm áreas de floresta”.

Já Guimarães crê que no “fortalecimento das comunidades, de articulação e compartilhamento de soluções. Isso trará atuação em outro nível, com qualidade e estratégia. Eu vejo que existe também um volume assustador de investimentos previstos para a Amazônia, em infraestrutura. Temos de interagir e encontrar os melhores caminhos para que esses projetos sejam implementados. Criar infraestrutura de produção é inevitável, mas devem ser pensados sempre na saúde, educação e direitos básicos das comunidades. Precisamos reverter essa lógica. Todos os setores devem participar da construção de soluções compartilhadas para achar, na velocidade que precisamos, mecanismos para recuperar a floresta e reduzir a pobreza”.

 

Por Maíra Teixeira, para o Instituto Ethos.

 

Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes