População negra ainda é invisibilizada no mercado de trabalho
Treze de maio é o dia da Abolição da Escravatura. Uma data importante para refletir sobre as consequências que mais de 300 anos de escravidão no Brasil trazem ao país ainda hoje, em especial à população negra. É importante lembrar que o Brasil foi o último país da América a abolir a escravidão no mundo, no século XIX, e após este ato nada foi feito para integrar os negros em um novo papel na sociedade brasileira. A população negra foi deixada às margens da sociedade e, até os dias atuais, encontramos reflexos desta situação.
Percebemos isso ao analisar os indicadores sociais: dentre os 10% mais pobres, ¾ é negra; os negros são maioria entre os menos escolarizados (6,5 anos – negros; 8,1 anos – brancos); e jovens negros são os que mais morrem no Brasil (77%), em especial nas periferias das grandes cidades, segundo a Anistia Internacional.
No mundo empresarial, a realidade de desigualdade persiste de forma escancarada: 95% das pessoas que compõem os conselhos de administração das 500 maiores empresas do Brasil são brancas e mais 90% do quadro executivo e da gerência também são brancos. Os negros só são maioria nos cargos de aprendiz, estagiários e trainees. Seriam os negros então, como já cantou Elza Soares, “a carne mais barata do mercado”?
Medidas têm sido implementadas para estimular a mudança deste cenário, como a criação de cotas nas universidades e nos concursos públicos. Contudo, o mercado empresarial ainda precisa avançar nestas questões e apenas 12% das 500 maiores empresas do Brasil têm políticas para a inclusão de negros em seu quadro de funcionários. A criação de políticas específicas para o público negro incentiva a redução das desigualdades sociais, além de promover ambientes mais diversos e mais criativos.
Com este contexto, o Instituto Ethos trabalha para incentivar a equidade no ambiente empresarial, entre eles a Coalização Empresarial para Equidade Racial de Gênero, que será lançada no próximo dia 16. Confira os detalhes do evento e inscreva-se aqui. Além, de apoiar empresas com o Guia Temático Indicadores Ethos-CEERT para Promoção de Equidade Racial. Outros projetos do instituto também tocam esta questão como o Grupo de Trabalho Empresas e Direitos Humanos que apresenta outras iniciativas para a diversidade nas empresas.
Conheça todos os projetos na área de Direitos Humanos aqui.
Por Bianca Cesário, do Instituto Ethos
Foto: Museu do Escravo