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Análise quanto aos desafios marcam debates da Conferência Ethos 360° no RJ

Diálogos endereçaram reflexões sobre necessárias mudanças socioambientais

26/06/2019

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Diversidade, equidade, combate à violência e à corrupção, transparência de gestão e ações climáticas foram temas centrais dos painéis de debates da Conferência Ethos 360° no Rio de Janeiro.

Durante a abertura do evento, o diretor-presidente do Ethos, Caio Magri, recebeu a jornalista Flávia Oliveira, da GloboNews, que reafirmou a necessidade de ampliar o diálogo em torno de um ambiente de equilíbrio, bom senso, justiça e respeito em todas esferas da sociedade: “Em diversidade é preciso reconhecer as ausências que existem em nossa sociedade. Há muita diversidade em nosso povo e muita ausência nos espaços de poder. Proponho uma inversão da célebre frase de John Kennedy: ‘Não é sobre o que você pode fazer pela diversidade, mas sim acolher o que a diversidade pode fazer por cada um de nós’”.

Em resumo, os temas centrais apresentaram não apenas opiniões, mas exigiram medidas imediatas, sobretudo na agenda do clima, quanto a implantação dos ODS e em ações anticorrupção.

Foi anunciada a realização da Conferência Brasileira do Clima que acontecerá no mês de outubro, em Recife. “À medida em que temos um governo que está abrindo mão dos compromissos assumidos na esfera internacional, entendemos que não podemos depender do governo. É preciso diálogo e ação. Diversos segmentos da sociedade precisam falar sobre a mudança do clima. Quanto à ação, os setores empresarial e financeiro devem considerar a importância da questão climática para seus negócios e para o todo, e agir. Por isso, considero importantíssima a Conferência Brasileira de Mudança do Clima, na qual diversos atores poderão apresentar o que estão fazendo e se comprometer com a agenda”, destacou Maurício Voivodic, diretor-executivo do WWF Brasil. A vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, prestigiou o evento e afirmou: “Devemos assumir uma luta política para não abandonar os compromissos que assumimos. O Brasil não pode se esquivar de participar ativamente desse caminho”.

Em relação à ciência das mudanças climáticas e as agendas de mitigação e adaptação climática, importantes visões mostram e alertam, que o tempo está passando rápido e que soluções devem ser aplicadas. “É importante observar que clima é apenas uma das questões que está mudando consideravelmente nosso planeta, mas vai além disso. Já estamos em franco acontecimento dos eventos de mudança do clima e isso não nos surpreende, mas acredito que ainda falamos pouco sobre a perda de produtividade agrícola”, disse  Paulo Artaxo, professor da USP e membro do IPCC.

“O poder judiciário pode ter o papel de racionalizar o debate sobre a questão climática”, avaliou Vinícius Lameira Bernardo, Promotor de Justiça do Rio de Janeiro. No poder executivo, o Secretário Municipal de Meio Ambiente da cidade do Rio de Janeiro, Marcelo André Cid Heráclito do Porto Queiroz, diz que é preciso ter planos estratégicos, mas há uma parte pragmática para que tudo seja implementado, e as cidades são partes importantes nessa questão. “Muitos dos problemas pelos quais o poder público passa é por falta de interlocução com a sociedade”, apontou o secretário.

Outro tema relevante foi a discussão do pacote anticorrupção e anticrime: “Se aprovadas, espero que não sejam, as propostas do autointitulado projeto anticrime em nada contribuirão no combate à corrupção. Mas, o impacto na democracia será trágico”, disse a Dra. Maria Lúcia Karam, juíza de direito aposentada do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

Sobre a corrupção privada no Brasil, Ian Cook, Associate Managing Director da Kroll, afirmou que o programa de compliance “não pode ser maior que a própria empresa. É preciso conhecer as regras e as práticas de mercado”; e observou que “não se pode comprar um programa de compliance de prateleira”. Três bons exemplos de implantação desse tipo de instrução corporativa foram compartilhados: “Sem engajamento não há como implantar uma cultura de compliance na empresa e na sociedade”, disse Edson Monje, diretor de Compliance e Riscos do Grupo Invepar; “Estabelecemos que a área de compliance é estratégica para os negócios da empresa e não mais uma burocratização”, apontou Alex de Souza Medeiros, gestor executivo de Riscos, Auditoria Interna e Compliance da MRV Engenharia; e Luana Palmieri, gerente de Auditoria, Riscos e Controle na Firjan enfatizou que o exemplo vem de cima: “Na instituição, foi o próprio presidente quem liderou a implementação, mas o que também ajudou muito foram os indicadores voltados para o combate à corrupção”.

Sobre a importância da ética e integridade no setor de óleo, gás e biocombustíveis, Roberto Ardenghy, diretor de Relacionamento Institucional da Petrobras, apresentou mudanças vivenciadas pela empresa. “A Petrobras está em uma fase diferente do passado. Recuperamos 3 bilhões de reais e ainda estamos em processo de recuperação de mais 20 milhões de reais”, revelou.

No Rio de Janeiro, a situação é grave em relação à integridade, como avalia o procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, José Eduardo Ciotola Gussem: “Chegamos a um caos no Rio. Somos pródigos em exportar exemplos negativos. A causa? Sem dúvidas, gestões errôneas”.

Caminhos para solucionar essa situação: “Fomentar um ambiente ético vai além do servidor e do prestador de serviço da prefeitura ser honesto, mas sim fomentar o comportamento ético na sociedade”, indica Márcia Andréa dos Santos Peres, Controladora-Geral do Município do Rio de Janeiro.

Sobre equidade de oportunidades e empregabilidade de negros, o exemplo também deve vir dos gestores, como explica Carolina Werneck, gerente de Comunicação e Sustentabilidade da White Martins: “O que tivemos de facilitador em nosso projeto de diversidade foi o fato de sermos uma empresa americana na qual o CEO fez um vídeo estimulando essa prática”. Enquanto isso, a CEO e fundadora do Empregueafro e especialista em carreira/mercado de trabalho do programa Encontro com Fátima Bernardes, Patrícia Santos, mostrava que precisou quebrar muitos tabus: “Todos os dias desafiamos o status quo para destruir os vieses inconscientes. A gente luta para construir uma história de sucesso por dia”.

Em relação aos efeitos na agenda socioambiental e nas cadeias de valor, Gilberto Ribeiro de Carvalho, gerente de Integração Regional e Relacionamento Comunitário da Petrobras compartilhou que “o engajamento da força de trabalho, sobretudo dos gestores, é muito importante”.

É preciso que a alta liderança das empresas esteja engajada e que, a partir disso, políticas públicas sejam conduzidas a fim de endereçar as necessárias mudanças socioambientais, uma observação que sintetiza o dia de diálogos na capital fluminense, no que se refere ao papel das empresas frente as diferentes agendas abordadas na Conferência Ethos 360º.

Por: Rejane Romano, do Instituto Ethos

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