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Como as empresas podem auxiliar na questão de egressos do sistema prisional?

13/12/2017

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Karine Vieira, do AfroReggae, fala sobre os ganhos para a sociedade

Em janeiro deste ano a mídia expôs toda fragilidade do sistema penitenciário no Brasil. Cadeias superlotadas e pessoas presas sem condenação são alguns dos motivos levantados por especialistas. Relembre os fatos ocorridos na ocasião aqui.

Para além destas questões, é preciso analisar também os casos de reincidência criminal, que levam as pessoas a voltarem para o sistema carcerário. E, neste caso, uma das causas é a ausência de perspectivas no mercado de trabalho que possibilitem uma guinada na vida dos egressos das prisões.

Em 2001, o Instituto Ethos lançou a publicação O que as empresas podem fazer pela reabilitação do preso, que pode ser lida aqui. Uma abordagem quanto à participação das empresas no processo de reabilitação do preso, a fim, entre outras questões, de contribuir com a superlotação das prisões.

Karine Vieira, do Grupo Cultural AfroReggae, uma das finalistas do Prêmio Claudia, na categoria Trabalho Social, fala sobre como as empresas podem romper barreiras e se tornarem mais inclusivas nesta temática. Confira a entrevista abaixo.

Ethos:  Como vocês auxiliam as empresas na quebra de barreiras quanto a inclusão de ex-presidiários?
Karine Vieira: Procuramos realizar reuniões de sensibilização com as equipes de RHs na tentativa de rompimento de estigmas e quebra de preconceitos. Este momento é crucial para a promoção de diálogos críticos em relação ao tema, bem como no processo de contratação, em especial quando a equipe compreende a necessidade de inclusão que, consequentemente, gera resultados positivos que diminuem o ciclo de violência e a reincidência criminal. Ofertamos para empresa o monitoramento pós-contratação que dura até seis meses, sugerimos uma gestão compartilhada de pessoas em relação ao desenvolvimento e resultados do colaborador, além de realizarmos intervenções preventivas, caso seja necessário atuar na mediação de conflitos emergentes no cotidiano de trabalho.

Ethos: As empresas também ganham apostando na contratação deste público?
Karine Vieira: Em relação a incentivos fiscais não temos nenhuma política pública direcionada a empregabilidade de egressos do sistema prisional, no entanto, acredito que o maior ganho será contribuir com a diminuição da violência. Estamos em um momento crítico no país, onde a falta de oportunidades e as dificuldades do cotidiano exacerba a violência. É preciso mudar, colaborar para que processos de mudança ocorram, porém, tais mudanças só serão possíveis com a união da sociedade civil, iniciativa privada e Estado. Cada vez que uma empresa emprega uma pessoa egressa ela está contribuindo com a promoção da paz social. Quanto às políticas públicas, as que temos são a Lei Estadual 55.126 e a Lei Municipal 51.080, ambas facultativas.

Ethos: Como a participação nos Grupos de Trabalho do Ethos tem auxiliado o AfroReggae?
Karine Vieira: A participação nos Grupos de Trabalho do Instituto Ethos promoveu novas articulações com empresas, além da inclusão do tema nos diálogos. É importante citar que hoje o AfroReggae atua como um importante parceiro e aliado, uma vez que o projeto está se transformando em um negócio social, em que sou a empreendedora.

Ethos: No início deste ano vimos tristes episódios de violência em penitenciárias. Você acredita que possibilitando a inclusão e evitando a reincidência de ex-detentos conseguimos auxiliar positivamente na crise do sistema penitenciário brasileiro?
Karine Vieira: O ciclo da violência só poderá diminuir com a promoção de oportunidades. A maioria das pessoas reclusas tiveram seus direitos violados desde quando nasceram, desta maneira se tornaram vulneráveis em razão da pobreza, falta de acesso à educação, saúde, cultura e direitos em geral. A inserção na criminalidade foi consequência desta vulnerabilidade, colocando estas pessoas em situação de risco social. A solução está baseada na ruptura do processo de exclusão, sendo assim, a inserção no mercado de trabalho sana uma das questões, uma vez que levanta a autoestima da pessoa, afirma sua dignidade e gera retorno financeiro.

 

Por Rejane Romano, do Instituto Ethos

Foto: Arquivo Pessoal – Karine Vieira

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