NOTÍCIAS

Compartilhar

A abertura oficial da Conferência Ethos 360º edição 2022 trouxe uma convocação para líderes empresariais e sociedade civil organizada na promoção de diálogos para questões urgentes do país, especialmente em um ano de eleições. Os retrocessos verificados em temas como clima, segurança alimentar e valores democráticos, agravados por um cenário de pandemia no qual a ciência não foi valorizada, são indicativos claros de que a sociedade precisa se organizar e se posicionar.

“Abrimos a conferência com uma perspectiva crítica, mas com possibilidade de construir caminhos para fazermos uma escolha diferente”, afirma Caio Magri, diretor presidente do Instituto Ethos no painel de abertura, disponível no canal do Ethos no Youtube. A proposta é ter uma estratégia para a criação de espaços de diálogos sobre os cenários públicos e a elaboração de consensos na sociedade brasileira para a definição de rumos.

Maria Hermínia Tavares, uma das fundadoras da Comissão Arns e professora titular no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), afirmou que este é um ano de escolha sobre qual país queremos, “se uma sociedade civilizada ou se vamos permitir uma expansão da barbárie”. Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional, ressalta que o país foi muito fundo no rompimento com a ética e é hora de retomarmos. “Todos são convocados a atuar”, afirmou.

O economista Ricardo Abramovay manifestou incômodo em relação à ESG no Brasil, porque não se discute a questão política. “Não é mais possível compactuar com este silêncio, enquanto vemos um engajamento cada vez maior nos outros temas ESG”.

Agenda de Migração e Refúgio

Atualmente, residem no Braisl 1,3 milhão de imigrantes, segundo dados do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra/2021). Ao todo, 54.004 refugiados foram reconhecidos pelo Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE). Para absorver esta população, o Instituto Ethos, em parceria com a ONG Visão Mundial, lançaram uma convocação às empresas para aderirem à carta “Compromissos empresariais com a agenda de migração e refúgio”, no âmbito do projeto Ven, Tú Puedes.

Foram definidos dez compromissos empresariais com a agenda de migração e refúgio, a fim de orientar as empresas no aprimoramento e/ou desenvolvimento de práticas de diversidade, inclusão e de desenvolvimento profissional de pessoas migrantes e refugiadas.

Andrea Freire, gerente de Programas da Visão Mundial, ressaltou que a ONG vem atuando na crise migratória de venezuelanos e foi registrado o ingresso de mais de 80 mil pessoas só em 2021. Os desafios encontrados estão relacionados a necessidades básicas de alimentação, saúde, emprego e moradia, além de acesso ao idioma.

O projeto Ven, Tú Puedes já impactou mais de 40 mil venezuelanos com projetos de integração e entre as ações estão cursos da Língua Portuguesa, cursos profissionalizantes considerando as competências que essas pessoas trazem, além de apoio ao desenvolvimento do empreendedorismo. A Visão Mundial promove também o apoio à interiorização, orienta sobre a cultura no ambiente de trabalho, possibilitando a compreensão sobre os direitos do trabalhador imigrante de acordo com a legislação brasileira.

A carta está disponível para adesão no site do Instituto Ethos. Segundo Scarlett Rodrigues, coordenadora de projetos em Direitos Humanos do Instituto Ethos, é oferecido às empresas suporte para implementação de políticas inclusivas, além de haver vídeo explicativo e cursos. “É necessário que as empresas tenham coragem para começar agora, mesmo que seja um projeto piloto, e aproveitem a rede construída com a Visão Mundial”.

Trabalho decente nas plataformas

Com a realidade das plataformas digitais e novas formas de relações de trabalho, o Instituto Ethos lançou também o Manifesto convocatório por uma Iniciativa Empresarial para a Promoção do Trabalho Decente em Plataformas Digitais. O objetivo é  convidar lideranças empresariais a aderirem ao plano de trabalho da iniciativa para desenvolver a construção de um espaço permanente de discussão coletiva, construir compromissos e diretrizes e compromissos empresariais, definir indicadores sociais para avaliar o amadurecimento das práticas e promover articulações e mobilizações frente às políticas públicas e regulamentações pertinentes.

Para Ana Paula Camelo, líder de Pesquisa e gestora de projetos na CEPI/FGV, é preciso conhecer melhor o ecossistema do setor, que abrange uma heterogeneidade de atores. “As discussões devem envolver também os trabalhadores e trabalhadoras das plataformas digitais”, diz Ana Paula. Clemente Ganza Lúcio, assessor do Fórum das Centrais Sindicais, observa que o mundo do trabalho está em uma transformação profunda em virtude da mudança das próprias empresas e das relações de trabalho. “A tecnologia deve ser colocada a serviço da sociedade e das pessoas. Vamos olhar para a digitalização da economia por meio do diálogo com uma agenda clara de compromissos.”

Aline Viotto, da diretoria executiva da Amobitec-Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia, destacou a importância da inclusão de motoristas e entregadores no sistema público da Previdência Social, para garantir proteção social aos trabalhadores. A Amobitec lançou em abril uma Carta de Princípios relacionada ao tema e Aline relacionou quatro pontos principais do documento: a necessidade de integração ao sistema público da previdência para assegurar direitos básicos, que a proposta seja acessível do ponto de vista de operação e de custo para o trabalhador, que seja respeitada a flexibilidade e dinâmicas deste mercado e, finalmente, que as plataformas assuma um papel de responsabilidade coordenando o processo de recolhimento e repasse para a previdência, além de assumir parte do valor.

A Conferência Ethos 360º prossegue com a realização de novos eventos onlines, transmitidos pelo seu canal no Youtube, com uma programação prevista até novembro.

Por: Analítica Comunicação – Assessoria de Imprensa do Instituto Ethos

Foto: Pexels