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CONFERÊNCIA ETHOS

Equidade Racial e Diversidade, temas incontornáveis da agenda brasileira

13/11/2018

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Painel da Conferência Ethos em São Paulo abordou o racismo estrutural

No último dia 31 de outubro, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou análise que utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) que integra o Boletim Mercado de Trabalho nº 65, demonstrando que a vulnerabilidade das mulheres negras ao desemprego é 50% maior. O estudo mostra que a cada 1 ponto percentual a mais na taxa de desemprego, as mulheres negras sofrem, em média, aumento de 1,5 ponto percentual.

Estes dados infelizmente não nos causam espanto, pois desde 2003 o Ethos realiza em parceria com o BID o Perfil SocialRacial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas, em que é avaliada a inclusão de afrodescendentes em diferentes níveis hierárquicos. É possível observar na série histórica do estudo que não há grandes mudanças quanto a representatividade negra no mercado de trabalho, sobretudo na ocupação de cargos em níveis hierárquicos mais altos.

Durante a Conferência Ethos 20 anos em São Paulo, o tema também ganhou destaque no painel: “Equidade Racial e Diversidade, temas incontornáveis da agenda brasileira”, que contou com a participação de Cida Bento, coordenadora executiva do Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades (CEERT) e membro do conselho deliberativo do Instituto Ethos; Lilia Schwarcz, historiadora, antropóloga e professora titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP; e Silvio Almeida, advogado, doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Schwarcz explicou que no Brasil há três tipos de racismo: “individual, institucional – muito ligado a falta de oportunidades – e, estrutural – presente em todas as bases sociais. O racismo estrutural quando interseccionado com outras questões, torna-se ainda mais alarmante ao invisibilizar negros e negras”, avaliou a antropóloga.

Para Schwarcz, “o discurso de vitimização não condiz com a realidade da população negra” uma vez que “falta muito para que comemoremos bons índices de igualdade atualmente”.

Almeida concordou e trouxe mais insumos para a questão do racismo estrutural que, segundo ele, é um “elemento constitutivo do pensamento subjetivo, não só no Brasil, mas no mundo”, observou o doutor em Filosofia.

Sob o ponto de vista da economia, Almeida chamou atenção para o fato que a “desigualdade econômica já é pautada na legitimação de raça”. Para ele, “o racismo é ponto central para o desenvolvimento econômico. O racismo causa prejuízo econômico e de posição para as empresas. O Brasil não será capaz de sair da crise com o racismo”, avaliou o acadêmico.

Bento ponderou sobre o papel das empresas frente a essa questão: “A equidade é um termo revolucionário. Cabe as empresas investirem nessa agenda e inclusive financiar programas de ações afirmativas. Desta forma, cabe as lideranças empresariais levar esse diálogo para outras áreas da empresa, conversar com o marketing, por exemplo”, concluiu a coordenadora executiva do CEERT.

Por: André Luiz Tuon, para Conferência Ethos

Foto: Maurício Burim

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