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Falta de transparência na divulgação de dados prejudica combate à pandemia

Diferenças entre dados comparados chega a 200%

09/06/2020

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O conhecimento sobre o número de leitos de UTIs marca a análise do boletim nº 9, da iniciativa “Covid-19: Políticas Públicas e as Respostas da Sociedade”. O documento diz que “o conhecimento preciso de seu número e de ocupação real é fundamental para a definição de políticas públicas de combate ao coronavírus, a exemplo da ampliação de unidades hospitalares, das medidas de distanciamento social e de sua eventual flexibilização”.

Neste momento, em que vários estados brasileiros implementam planos de flexibilização, é de suma importância que os dados estejam à mão para essa tomada de decisão, pois os pesquisadores que integram a Rede de Políticas Públicas & Sociedade, responsáveis pelos boletins, explicam que “as taxas de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 representam o elo final da possibilidade de colapso do sistema de saúde no atendimento aos pacientes em quadro clínico severo, o que significa, em última instância, a identificação da capacidade da rede de atendimento preservar vidas que atingiram estado crítico de saúde”.

A questão é que, em estudo realizado nas plataformas públicas do Ministério da Saúde e de 26 secretarias estaduais de saúde, além do Distrito Federal, há lacunas e disparidades enormes, cuja falta de transparência impede uma avaliação precisa da capacidade de atendimento da população e da oportunidade de medidas de flexibilização que estão atualmente em curso.

As diferenças entre os dados apresentados nas plataformas oficiais são enormes e chegam, por exemplo, a 200%, quando se comparam os registros da Plataforma Covid-19 e os do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, referentes a maio de 2020.

O estudo aponta que: não há informação clara sobre o número de leitos de UTI Covid-19 disponíveis no território nacional; somente 5 estados apresentam o número de leitos de UTI Covid-19 do SUS e também do sistema privado: Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo e Sergipe, sendo que o Rio de Janeiro e Tocantins, não apresentaram nenhuma informação sobre o número de leitos de UTI Covid-19 em suas plataformas; apenas 7 estados apresentam a taxa de ocupação em tempo real dos leitos de UTI Covid-19 do SUS em todas as unidades gerenciadas pelas Secretarias Estaduais: Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Santa Catarina e Sergipe; e, há ausência de informações sobre leitos de UTI Covid-19 em estados considerados epicentros da pandemia no Brasil, como Amazonas e São Paulo, entre outros apontamentos.

Ao todo, o documento apresenta 10 pontos de atenção que podem ser visualizados em: https://redepesquisasolidaria.org/.

Por fim, o boletim dessa semana, coordenado por Tatiane C. Moraes de Sousa (Fiocruz), José Eduardo Krieger (Incor-FMUSP) e Lorena Barberia (DCP-USP), conclui que “pelas plataformas oficiais, a sociedade brasileira não tem condições de compreender plenamente as medidas que as autoridades e gestores públicos tomam e que respondem por profundos impactos na vida da população, a começar pelo distanciamento social e as distintas fases de sua flexibilização. Mais ainda, o desacerto e a presença de dados discrepantes impedem que a população compreenda a importância e o benefício das políticas públicas. (…) Sem dados confiáveis e sistemas transparentes, dificilmente haverá políticas públicas de qualidade”, destaca o estudo.

Por: Rejane Romano, do Instituto Ethos

Foto: Unsplash

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