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Iniciativa sobre direitos sexuais reprodutivos ganha destaque na Conferência Ethos em SP

24/09/2018

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Em entrevista, representante das Nações Unidas fala sobre a importância da temática para o setor corporativo

Neste ano foi criada a Aliança pela Saúde e pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos no Brasil, uma rede de empresas e organizações filantrópicas que busca alinhar esforços para promover direitos sexuais e reprodutivos. O Instituto Ethos, que integra a iniciativa incluiu o diálogo na programação da Conferência Ethos, no painel Alinhando esforços do setor privado na defesa dos direitos da mulher: estratégias inovadoras para fortalecer a agenda de saúde e de direitos sexuais e reprodutivos no Brasil, que acontece no dia 25 de setembro, às 11 horas, no Expo Barra Funda.

O objetivo deste painel é discutir como o setor privado pode atuar na agenda de saúde e direitos sexuais e reprodutivos de forma coordenada, fortalecendo suas próprias organizações e catalisando esforços para o desenvolvimento social e econômico do país. Participam da discussão: Jaime Nadal, representante do Fundo de População das Nações Unidas; Janete Vaz, presidente do conselho de administração do Grupo Sabin; e Henriëtte Bersee, cônsul geral dos Países Baixos em São Paulo.

Em entrevista, o representante do Fundo de População das Nações Unidas fala sobre como as empresas podem apoiar esta agenda disseminando a relevância desse conceito de forma que nossa sociedade possa avançar na adequação de políticas públicas.

Ethos: A liberdade pela decisão reprodutiva das mulheres também é uma questão para ser debatida no ambiente corporativo?
Jaime Nadal: Sem dúvida alguma, a autonomia das mulheres e a garantia de seus direitos sexuais e reprodutivos também devem ser debatidas no ambiente corporativo. Um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o ODS 17, fala justamente do envolvimento do setor privado para conseguirmos, até 2030, um mundo mais justo e sustentável, sem deixar ninguém para trás. Decidir sobre ter ou não filhos, e planejar o melhor momento da vida para se tornar mãe, é uma decisão que está muito ligada ao ambiente de trabalho. Temos visto nos últimos anos, segundo dados demográficos do Brasil, que as mulheres com maior escolaridade e renda estão tendo menos filhos do que o desejado, e muitas não se tornam mães porque não conseguem conciliar a maternidade e a vida profissional. Por outro lado, ainda temos um histórico de penalização das mulheres com filhos no ambiente de trabalho, tanto na questão salarial quanto na igualdade de oportunidades do desenvolvimento da carreira. É preciso que as empresas garantam ambientes de trabalho com igualdade de oportunidades, e isso inclui o planejamento da vida reprodutiva, tanto de homens quanto de mulheres.

“…ainda temos um histórico de penalização das mulheres com filhos no ambiente de trabalho, tanto na questão salarial quanto na igualdade de oportunidades do desenvolvimento da carreira”.

Ethos: Como a decisão em ter ou não filhos pode impactar na carreira das mulheres?
Jaime Nadal: Ter ou não filhos não deve ser uma questão que impeça o desenvolvimento na carreira das mulheres. Hoje vemos no Brasil que as mulheres, em geral, têm mais anos de estudo que os homens, e mesmo assim ganham salários menores.  Além disso, há estudos que mostram um forte vínculo entre felicidade e produtividade, e como a conciliação entre a vida profissional e pessoal é fundamental para alcançar maiores índices. A realização das aspirações reprodutivas das mulheres, o maior engajamento dos homens e a promoção de políticas de bem-estar podem refletir no aumento da produtividade, além da melhoria na imagem corporativa.

Ethos: De que forma o movimento dentro das empresas pode provocar desdobramentos na sociedade?
Jaime Nadal: O setor privado tem um papel fundamental no processo de desenvolvimento dos países. Criar políticas públicas e garantir o cumprimento dos direitos que permitam o desenvolvimento do potencial das pessoas e do país sempre foi visto como papel exclusivo do estado e dos governos. O que a Agenda 2030 aponta é que isso é de fato uma responsabilidade do governo, mas que é necessário haver cooperação de outros fatores também fundamentais para a sociedade. O desenvolvimento precisa ser feito com parcerias abrangentes, inclusivas e que permitam garantir as políticas públicas. Por essa razão, nós criamos a Aliança pela Saúde e pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos no Brasil.

Ethos: Quais exemplos podemos observar em outros países quanto a adoção de práticas em favor desse diálogo?
Jaime Nadal: Uma experiência internacional que serviu de grande inspiração para a criação da Aliança foi o movimento She Decides uma iniciativa que nasceu em 2017 em resposta aos cortes de investimento na agenda de direitos sexuais e reprodutivos, que vinham sendo feitos em diversos países. A iniciativa tornou-se um grande fundo de recursos privados e públicos criado com o objetivo de alavancar a oferta de informação e serviços ligados a esta temática. O sucesso deste movimento nos inspirou a desenvolver uma aliança em âmbito nacional, que alinhe esforços do setor, dissemine mensagens sobre o tema e desenvolva experiências práticas que podem servir de inspiração para a adequação de políticas públicas.

“O sucesso deste movimento nos inspirou a desenvolver uma aliança em âmbito nacional, que alinhe esforços do setor, dissemine mensagens sobre o tema e desenvolva experiências práticas que podem servir de inspiração para a adequação de políticas públicas”.

 

Por Rejane Romano, do Instituto Ethos

Foto: Arquivo Pessoal

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