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CONFERÊNCIA ETHOS

Mais cinco vídeos se somam ao “acervo” da Conferência Ethos 2020

Playlist do evento virtual já tem mais de 50 vídeos

11/09/2020

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Com o formato desse ano, totalmente online e gratuito, a Conferência Ethos 2020 deixa registrado, semanalmente, os debates e as reflexões de cada painel. A playlist conta atualmente com 52 vídeos de atividades que vêm sendo realizadas desde o dia 2 de julho, mas esse número aumenta a cada semana.

Quem acessa o canal pode criar a própria lista, selecionar temas e painéis e montar uma sequência de vídeos que deseja assistir, no dia e horário que melhor lhe convier. As lives do 11º dia do evento se encontram no canal do Ethos no YouTube e abaixo seguem os destaques dos diálogos dessa semana.

 15h – A crise da tecnologia social mais eficaz contra a seca no semiárido: as cisternas

 Scarlett Rodrigues, analista de Projetos do Instituto Ethos, foi quem moderou a conversa com: Alexandre Henrique Bezerra Pires, coordenador do Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, coordenador executivo da ASA e presidente da Associação Programa Um Milhão de Cisternas; Fátima Bezerra, governadora do estado do Rio Grande do Norte; e, Valda Aroucha, fundadora e técnica da Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia (AGENDHA).

“O objetivo desse painel é discutir um pouco sobre como a construção de cisternas é importante para o semiárido brasileiro”, disse a moderadora ao abrir o diálogo.

 Pires, resgatou o protagonismo da ASA com o Programa Um Milhão de Cisternas. “A ASA foi muito ousada em propor ao estado brasileiro uma lógica muito diferente do que era proposto para a construção de cisternas. Em realizar a construção de 1 milhão de cisternas. […] Essa iniciativa foi premiada nas Nações Unidas, como uma das principais políticas para o futuro da humanidade”, lembrou.

O coordenador do Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, falou ainda sobre a atual renda orçamentária destinada para a construção de cisternas. “Chegamos a assinar projetos para essa construção, mas não recebemos nenhum real para isso, o que mostra que a prioridade do governo para a construção de cisternas e para a população do semiárido é questionável”, avalia.

A governadora do Rio Grande do Norte explanou sobre a importância de iniciativas de combate à seca. “É muito fácil alguém que nunca passou por essa dificuldade, de faltar água para beber, não reconhecer as estratégias de um programa como esse (Um Milhão de Cisternas), que foi exportado pelo mundo. Pelo caráter de dignidade e direito, que foi um dos responsáveis pelo Brasil ter deixado de integrar o Mapa da Fome, em 2014, pela ONU” e, também chamou atenção para o orçamento. “Infelizmente o que estamos vendo hoje é um desmonte desses tempos que estamos vivendo no Brasil, de ameaça à democracia e de escassez no programa de cisternas (…). O que temos de orçamento até 2023 é 183 milhões, uma promessa. O que significa que o valor para os próximos 4 anos não chega à metade do valor previsto para 2014, daí vemos o tamanho do retrocesso”, explicou.

Já Aroucha, falou sobre as necessidades da região. “Precisamos de condições de bem viver, sobretudo para quem nasceu aqui. Um lugar que precisa de políticas públicas para apoiá-lo. Precisamos de água para beber, água para as escolas, água para viver. Conheci escolas que ficaram meses sem aula por causa da falta de água. Como já foi dito: como o sangue é para o corpo a água é para a terra”, destacou.

 16h10 – O varejo mais digitalizado: as transformações pós-pandemia e as soluções mais sustentáveis

 “Temos representantes de duas grandes empresas do varejo no Brasil para aprofundar o diálogo sobre as transformações que esse setor vem sofrendo e falar como esse mercado vem se reinventando”, explicou Marina Ferro, gerente-executiva do Instituto Ethos, que levou o público a conhecer mais sobre as estratégias do Carrefour Brasil e da Leroy Merlin.

Lucio Vicente, Head de Sustentabilidade do Grupo Carrefour Brasil apresentou os pilares que norteiam a empresa. “Nossas premissas se baseiam em quatro pilares essenciais: 1) estabelecer o fornecimento de alimentos cada vez mais saudáveis; 2) que eles sejam acessíveis; 3) a digitalização; e 4) a educação e a confiança”, explicou e contou ainda que o Carrefour Brasil está “em processo de melhoria contínua nas cadeias de produção de alimentos no país” e por isso, criaram “um apoio emergencial para os pequenos produtores regionais, fornecedores do Carrefour, nesse momento de pandemia”.

Renato Ribeiro, diretor de Supply Chain na Leroy Merlin, falou sobre as adaptações implementadas pela empresa frente à pandemia como “um modelo de atendimento via WhatsApp” e a “digitalização foi exponencializada”. “Nesse período, também criamos diversas soluções para o lar, criamos vídeos, campanhas de prevenção, demonstramos como fazer a limpeza em casa, etc. Foram diversas soluções porque as pessoas passaram a ficar muito tempo em casa. Também colocamos vários benefícios a prova para os nossos colaboradores”, revelou.

17h20 – Grilagem na Amazônia: um olhar do território sobre o roubo de terras públicas

Ana Carolina Amaral, jornalista da Folha de S.Paulo destacou, ao mediar esse diálogo, que “mais de 60% das florestas na Amazônia estão localizadas em terras públicas, sendo que mais da metade estão sendo usadas por grileiros”. Como parte da programação da Conferência Brasileira de Mudança do Clima (CBMC), que busca unir os setores público e privado para o monitoramento de ações de clima e da NDC, que o Brasil se comprometeu com o Acordo de Paris, o painel lançou luz sobre pontos como o desmatamento, que é uma das decorrências da grilagem.

Paulo Moutinho, pesquisador sênior e cofundador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), trouxe exemplos práticos para a conversa. “Imagine que você tem uma praça pública na sua cidade, uma área de lazer que você leva seus filhos e alguém chega e coloca placas de vendas e pessoas compram esses pedaços de terra? É o que vem acontecendo na Amazônia. Essas terras são patrimônios do Brasil, é nosso. E, o que vem acontecendo é o roubo desse patrimônio que é de todos nós”, e explicou que “o que se tem em dados é que mais de 50% do desmatamento da Amazônia, nos últimos anos, acontece em florestas destinadas e não destinadas, algo totalmente ilegal (…). Áreas em que se deve manter a cobertura florestal, como públicas, que não estão sendo destinadas são aproveitadas pela grilagem. Mapeamos e existem hoje cerca de 50 milhões de hectares de florestas públicas que ainda não receberam destinação do governo, isso é do tamanho da Espanha. O alvo principal da grilagem”.

 Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), explicou sobre três fatores históricos que devem ser analisados. “1) Como é feita a escrituração de terras no Brasil? Até bem pouco tempo era pela camaradagem. O Incra fez um processo de recadastramento e foram cancelados 95 milhões de registros. Mas, a lei brasileira diz que o Incra pode cancelar a matrícula, mas para retirar essa posse leva anos de batalha judicial. 2) Lavagem de dinheiro: a lavagem de terras é um processo criminal que começa com o desmatamento, depois a queimada e transformar a terra em pasto. 3) Estruturação de mercado: o Brasil é o maior exportador de carne e sofre um controle do governo federal, bem rigoroso, e eu diria que a maior parte da exportação tem um alto grau de rastreabilidade, para colocar um produto brasileiro a venda em outros países precisa de um bom sistema de compliance. Mas, o que acontece com a carne vendida no Brasil? O controle, quando acontece, é pelos governos estaduais”, listou.

18h30 – Reforma tributária sustentável por uma economia de baixa emissão de carbono

Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos, explicou sobre a intenção em abordar essa questão na Conferência Ethos, em “promover o diálogo de um processo que está acontecendo agora, que é a reforma tributária, e dentro dela uma reforma tributária verde e seu papel de incentivo a descarbonização da economia, que é tão necessária”.

André Lima, advogado, ex-secretário do Meio Ambiente do Distrito Federal, coordenador do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) em Brasília e do GT Socioambiental da Rede de Advocacy Colaborativo (RAC), falou sobre a complexidade do sistema tributário brasileiro. “É muito complexo. Temos, praticamente, um regime tributário para cada setor da economia e, às vezes, para cada empresa, dependendo do porte. O desafio que as organizações que construíram as 9 propostas para uma reforma tributária sustentável, é tentar furar o bloqueio e levar o debate para dentro dessa discussão de reforma tributária. Nessa conjuntura, o que estamos tentando fazer é levar o tema da sustentabilidade socioambiental e climática para a pauta da reforma tributária”, explicou.

Suely Araujo, advogada, arquiteta e doutora em Ciência Política pela UNB, consultora sênior de Políticas Públicas do Observatório do Clima, não só reiterou a fala de André, mas também fez um chamado à sociedade. “Quem paga pela degradação ambiental é toda a sociedade, então temos que dar um jeito disso ser internalizado para aquele que está causando o dano (…). O Observatório do Clima sugere que todos leiam, debatam essa ideia e pressionem as lideranças políticas para colocar a reforma tributária em pauta porque é um tema muito estrutural e o país precisa disso”, avalia.

E, Raul do Valle, advogado, mestre em Direito Econômico pela USP e diretor de Justiça Socioambiental do WWF-Brasil, ponderou sobre a necessidade de tais pontos serem considerados na reforma. “Estamos com uma proposta de esverdear a reforma tributária. É mais do que uma oportunidade, mas uma necessidade para o país. Não faz sentido em uma reforma tributária, em pleno no século 21, não colocar em princípios da reforma, por exemplo, o poluidor pagador ou o contribuidor recebedor”, concluiu.

19h30 – Brasil pela democracia – um diálogo sobre as guinadas na democracia e no liberalismo

 “Estamos trazendo um debate e ao mesmo tempo fazendo um convite a todxs para lutar pela democracia no Brasil”, disse Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos ao iniciar a conversa e ainda contribuiu dizendo que “a democracia não se rompe apenas pelo formato atual, mas de forma devagar, com ataques à imprensa, à ciência, baixíssima transparência, ataques aos povos originários e alta tolerância com racismo”.

 Pedro Kelson, coordenador de articulação da sociedade civil do Pacto pela Democracia, antecipou sobre como será o vento online e gratuito, no domingo. “Somos 80 organizações da sociedade civil, nacionais e internacionais, unidos na realização dessa live Democracia Vive!, que acontece dia 13 de setembro com artistas, atletas e representantes de torcidas rivais. Uma mescla de entretenimento e conteúdo, nesse momento tão árido que estamos vivendo, um pouco de arte para oxigenar e levantar o nosso ânimo”, contou.

 Laura Greenhalgh, jornalista e membro da Comissão Arns, por sua vez, relembrou como surgiu a iniciativa Brasil pela Democracia, responsável pela live. “Vimos uma escalada autoritária muito forte, em meio a uma pandemia, um vírus desconhecido, sem vacina. Diante disso, e com os ataques que vimos em Brasília, pró fechamento do Congresso, nos levou a procurar outras instituições. Fomos pedir ajudar sobre o que fazer. Os prognósticos não eram nada bons e com os ataques à democracia, formamos um grupo de seis entidades, meio que no desespero, na angústia e fizemos dois manifestos em defesa da democracia. Em plena pandemia, em pleno pandemônio, era vital defender a democracia. As atividades foram se alastrando e dezenas e dezenas de entidades assinaram o pacto, frente a visão negacionista daquilo que a medicina estava falando” e concluiu: “um momento muito importante, em que conseguimos contribuir para que a pandemia e a defesa da democracia se entrelaçassem com prioritárias”, avaliou.

Por: Rejane Romano, do Instituto Ethos

Foto: Unsplash

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