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CONFERÊNCIA ETHOS

Conferência Ethos é marcada por análises aprofundadas

Um dos painéis destacou importantes datas comemoradas no mês de dezembro

11/12/2020

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Análises aprofundadas e exemplos de boas práticas marcaram o penúltimo dia da Conferência Ethos 2020, que foi realizado nesta quinta-feira (10). Às vésperas de encerrar um ciclo de seis meses de exibições semanais, sobre temas diversificados, contando com a participação de um vasto número de atores sociais, o evento se reinventou de forma a alcançar o público mesmo com o distanciamento social.

O canal do Ethos no YouTube, em que todos os vídeos encontram-se alocados desde o dia 2 de julho, se tornou uma fonte de informação para conhecimento e formação, em treinamentos que podem ser acadêmicos e empresariais. Nesta semana, mais três importantes diálogos foram realizados. Saiba mais abaixo:

15h – Petrobras oferece: A recuperação de espécies e da biodiversidade marinha e a saúde dos oceanos – um desafio e alguns exemplos

Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos, foi o moderador da primeira atividade do dia e fez questão de denotar a relevância do dia. “Quero fazer uma breve lembrança, hoje é dia 10/12, Dia da Declaração Universal dos Diretos Humanos, declarada como um ideal comum a ser atingido por todos os povos e nações. Temos que reafirmar a importância de que tenhamos para cada indivíduo, para cada órgão de nossa sociedade, essa declaração como uma referência, para que consigamos adotar medidas para mudanças efetivas na promoção dos direitos humanos para todos”, destacou.

Katia Ferreira, gerente de Projetos Ambientais da Petrobras, pautou sua fala em afirmar que “sem conhecer não podemos de fato ter uma ação de proteção”. A gerente contou sobre como a Petrobras tem assimilado os conceitos ESG. “Na agenda de desenvolvimento sustentável, com o ESG, a Petrobras se insere, entendendo o eixo do ‘E’, ambiental, como extremamente importante. O ‘G’ é o foco de nossa gestão na atuação e o ‘S’ de social, está linkado ao compromisso de nossa estratégia na empresa. Almejamos estar entre as melhores empresas quanto ao respeito à vida e às pessoas, isso é um norte dentro da Petrobras”, contou e ainda explicou sobre os investimentos da instituição: “quanto aos investimentos, estão no bojo do programa Petrobras Ambiental, que faz apoio à iniciativas e projetos, como o Projeto Tamar, nosso mais antigo parceiro, há mais de 40 anos”.

Para contar sobre o Projeto Tamar, Neca Marcovaldi, oceanógrafa e co-fundadora da Fundação Projeto Tamar, contextualizou explicando sobre como surgiu a iniciativa. “Tudo isso começou no final dos anos 70, quando estratégias para conservação marinha praticamente não existiam no Brasil, na época, estudantes é que faziam as inspeções oceanográficas. Foi nessa época que, participando de uma atividade internacional, o Brasil foi lembrado da importância dessa atuação. Nem sabíamos se haviam tartarugas marinhas no Brasil e foi conversando com pescadores que entendemos que sim haviam, mas que pela ação do homem, o ciclo das tartarugas estava interrompido. Essa foi a primeira etapa, de uma construção sem modelo teórico, na qual tiramos as tartarugas dessa situação de emergência para que não desaparecessem”, lembrou Neca.

A oceanógrafa compartilhou os aprendizados dessa experiência. “Daí tiramos a experiência de que teríamos que aprender com quem sabia lidar com a situação: os pescadores mais velhos. Fizemos uma troca, deles continuarem vivendo das tartarugas, mas não as explorando. Foi um aprendizado maravilhoso. Aprendemos com eles e eles aprenderam conosco”, disse.

Flavia Rêgo, bióloga, microempreendedora, condutora de turismo e presidente da Associação Peixe-Boi, explicou como famílias ribeirinhas passaram a conviver de forma harmoniosa com o peixe-boi. “O peixe-boi é um animal costeiro e nas áreas em que ele vive há comunidades ribeirinhas que tiram dele o seu sustento. Foi daí que surgiu o interesse no turismo de observação do peixe-boi marinho, um olhar peculiar que partiu de meu sogro, Gilvan Fortunato, que nos ensinou tudo isso, como monitor do Projeto Peixe-Boi. Ele convivia com os pescadores e entendeu que o turismo de observação seria a solução. Aprendemos sobre planejamento e demos continuidade a um processo de treinamento para que as pessoas pudessem saber o que é o peixe-boi. Com o apoio da Petrobras fizemos diversas oficinas com a comunidade local, com o entendimento de que com o peixe-boi bem, vivo, seria de grande valia para todos”, revelou Flávia.

A bióloga falou ainda sobre como as mulheres ribeirinhas foram integradas no projeto. “Temos um trabalho com as mulheres de pescadores, com a confecção de peixes-boi de pelúcia”, similar ao que acontece com as mulheres dos pescadores que fazem parte do Projeto Tamar.

17h30 – Itaú oferece: Estratégia climática nas empresas e soluções que contribuem para a descarbonização da economia

Leonardo Dufloth, coordenador de Mobilização de Novos Associados do Instituto Ethos, explicou os objetivos do diálogo: “vamos abordar soluções para conter o aquecimento global e fomentar uma economia neutra” e assim foi feito.

Inicialmente, por Felipe Bittencourt, sócio-diretor da WayCarbon, que explanou sobre os riscos, oportunidades e tendências. “Quanto aos riscos, a transição para empresas de grande emissão é algo a se analisar, quanto a negociação com investidores. Pois, há pressão da sociedade, dos investidores e dos consumidores também, uma cadeia de pressão para essa transição seja feita. Do lado das oportunidades, a redução da emissão significa redução operacional também, pois quando se muda a matriz energética você está gerando várias oportunidades econômicas e de reposicionamento de marca, com acesso a novos mercados e clientes e até a manutenção de clientes. Sobre as tendências, assim como os países, as empresas estão definindo preços de carbono. Analisando a linha financeira e o custo do carbono, projetos para tomada de decisão podem se tornar viáveis”, avaliou.

Fábio Cirilo, gerente de Sustentabilidade e Energia da Votorantim Cimentos, falou sobre estratégias que empresas e a sociedade podem lançar mão em prol do meio ambiente. “Um exemplo interessante é o caroço de açaí que usamos como combustível no Pará, que representa um caminho bem interessante, o da biomassa, que gera subprodutos para a nossa indústria. Vamos ter que usar tudo ao máximo para cumprir com esse objetivo: usar combustível alternativo e consumir menos, o que poderá ajudar bastante. No médio, longo prazo o mundo vai precificar o carbono”, apontou e fez um alerta: “não estamos falando apenas de risco ambiental, entendeu-se que há um risco econômico, com impactos maiores que o da Covid-19”.

Isabela Aroeira, líder de squad em Finanças Climáticas no Itaú Unibanco, abordou as ações adotadas pela empresa. “No Itaú entendemos que o que representa essa descarbonização e o que não conseguimos substituir, a gente compensa. Mas, é importante entender que essa compensação é parte da estratégia de esforços de mitigação. Entendemos que é importante olhar para as emissões que financiamos e que são responsabilidade do banco também. Temos compromissos de impacto positivo, que é financiar o setor de impacto. O que nos ajuda a ter um diálogo com a sociedade, com bancos e empresas para caminharmos de forma conjunta. Nosso maior desafio hoje é conseguir medir nossas emissões financiadas”, explicou.

18h40 – Combate à corrupção, Direitos Humanos e Acordo de Paris: reflexões sobre as celebrações do mês de dezembro

Marina Esteves, assistente de Projetos em Práticas Empresariais e Políticas Públicas (PEPP) do Instituto Ethos, foi quem conduziu o bate-papo entre as coordenadoras de PEPP, das áreas de Integridade, Direitos Humanos e Meio Ambiente do Ethos.

Paula Oda, coordenadora de Projetos de Integridade do Instituto Ethos, falou sobre o Dia Internacional de Combate à Corrupção (09/12). “A convenção internacional entende a corrupção como algo que desestabiliza todos os países, por isso a importância da data. Em benefício de um, a sociedade toda é prejudicada, pois a corrupção cria obstáculos para o progresso e impede um desenvolvimento justo e sustentável. Sempre olhamos muito para o crescimento econômico, mas não podemos ter esse viés. O combate à corrupção não é um fim em si mesmo, temos que entender qual é o real problemas que ela gera (…). Devemos olhar para o problema da corrupção, mas também para os efeitos, quando as agendas de direitos humanos e meio ambiente e como essas agendas são impactadas”, analisou.

Sobre o ano de 2020 e os efeitos da pandemia da Covid-19, Paula avaliou: “certamente o ano de 2020 foi marcado por esse grande problema que escancarou questões que já vínhamos enfrentando, como o enfraquecimento na agenda de integridade, marcado por um grande ataque na agenda de transparência e acesso à informação. Além disso, o desmonte de políticas públicas importantes no combate à corrupção e para a agenda ambiental, como a Força-Tarefa Amazônia, com uma série de crimes ambientais na agenda amazônica. Considerando esse cenário que a gente já tinha, num contexto de pandemia, uma das primeiras MPs do governo federal foi relacionada ao acesso à informação, novamente na contramão de outros países, em que a transparência foi entendida quanto a sua importância. A desinformação e a falta de transparência geraram um impacto na sociedade muito grande. Na área da saúde, nos grupos mais vulnerabilizados e naqueles que acompanham as informações pela internet e com a desinformação ficaram sem saber em que acreditar. A falta de transparência foi fundamental para termos um aumento da pandemia no Brasil”, relacionou.

Scarlett Rodrigues, analista de Projetos do Instituto Ethos, fez considerações sobre a área de direitos humanos. “O dia de hoje celebra a existência da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que surge como um instrumento para coibir violações e desigualdades, uma norma a ser cumprida por todos os povos e nações (…). Esse diálogo envolve as empresas, pois as inclui por serem ambientes garantidores de direitos. A Declaração é um instrumento que deve ser considerado um guia para elaboração de práticas empresariais e ela dialoga com as outras agendas, pois integridade e mudança do clima são direitos e veremos nesse painel como as agendas se somam, não precisam ser colocadas sem caixinhas isoladas”, ponderou.

Sobre o ano de 2020: “ainda temos muito a melhorar no Brasil, somos o 9º país mais desigual do mundo. Os impactos da pandemia foram que ela desnudou as desigualdades e a violação de direitos, que são históricas. A taxa de mortes de indígenas pelo coronavírus é muito alta e entre as pessoas negras também. O número de violência doméstica aumentou exponencialmente, ainda que subnotificados pela dificuldade de tornar os números públicos, como a Paula falou. A sociedade transcorre de maneira sistêmica, sendo marcada pela violação de direitos. Muitas pessoas conseguiram acesso ao tele trabalho, em ter seus empregos mantidos pelas empresas, mas outras ficaram em situação vulnerável. Na agenda ambiental, tivemos muita perseguição aos defensores do meio ambiente. As agendas que estamos discutindo aqui hoje são interligadas, por isso fica nosso apelo para que governos e empresas tenham um olhar transversal para as agendas. Os direitos humanos são um grande guarda-chuva, estão em tudo. O Ethos aborda algo que é muito importante nessa agenda, que é o diálogo intersetorial. O que nos traz insumos para darmos voz a determinados grupos”, pontuou.

Quanto aos desafios para 2021, Scarlett apontou que o principal será “combater os retrocessos e manter os acordos nacionais e internacionais para que sejam colocados em prática”. Quanto ao setor corporativo, a premissa será “trabalhar para que as empresas possam atuar de fato, para além das políticas de inclusão e diversidade, de forma a contribuir com uma transformação da sociedade”, disse a analista.

Flavia Resende, coordenadora de Projetos de Meio Ambiente do Instituto Ethos, analisou os cinco anos do Acordo de Paris, que serão completados no dia 12 de dezembro. “Apesar da urgência não vemos que os países estejam numa rota para descarbonização, o que torna a nossa meta mais difícil de ser alcançada. Brasil e EUA são vistos como países que terão dificuldades de cumprir a meta (…). O Brasil, está emitindo 10% a mais, o que não é uma surpresa, por conta da atuação do governo federal, a novidade é que vimos que o Brasil emitiu sua nova NDC mantendo o mesmo que já estava previsto, mas há uma crítica de que vamos emitir o dobro dos níveis que seriam seguros. Temos compromisso perante o Acordo de Paris, mas também quanto a nossa Política Nacional de Mudança do Clima, mas a indicação é que não vamos cumprir ambos se continuarmos nessa toada”, explicou.

Quanto ao momento de pandemia, Flávia destacou que “estamos vivendo uma crise que escancara a desigualdade, então os impactos climáticos vão ser mais graves nos grupos mais vulnerabilizados. A gente já tem um resultado pior quanto a questão das queimadas nesse ano. Uma série de crimes como grilagem, perseguição de defensores ambientais e ataques à democracia. Só investimos meio por cento na agenda ambiental (…). O momento atual é de enorme violência no mundo, mais de 200 assassinatos de defensores do meio ambiente em 2019, sendo que 24 foram no Brasil. Números que são por vezes subnotificados e têm outro acompanhamento, pois para os indígenas foram 135 assassinatos”, apresentou.

Para 2021, Flávia diz que os desafios são “o Brasil recuperar suas metas com os acordos internacionais e ratificar o Acordo de Escazú”. E além disso, “fortalecer uma agenda que olhe para a Amazônia, quanto ao desmatamento, as queimadas e para melhorar a situação na região”.

Por: Rejane Romano, do Instituto Ethos

Foto: Unsplash

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