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CONFERÊNCIA ETHOS

Questão das mulheres e da juventude marcaram 12º dia da Conferência Ethos

Evento abordou ainda: grilagem na Amazônia, greentechs e bioeconomia

18/09/2020

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Mais uma quinta-feira de potentes diálogos na Conferência Ethos 2020. Foram cinco lives que podem ser assistidas no canal do Ethos no YouTube. Acompanhe abaixo uma pequena mostra dos diálogos.

15h – Natura oferece: Mulher – potência e liderança para superar a crise

Reflexões que precisam ser reverberadas marcaram o painel oferecido pela Natura. Mafoane Odara, gerente do Instituto Avon, questionou “quais os desafios que devemos observar para trazer as mulheres para o centro das discussões?” e, com certeza, nessa live, que deve ser assistida no YouTube, a missão foi cumprida trazendo à tona argumentos que demonstram o quanto essa ação se faz necessária.

“(…) O papel das mulheres está no centro de nossa sociedade, pois sem elas não funcionaríamos, apesar do capitalismo querer relegar isso”, contextualizou Katia Maia, socióloga e diretora executiva da Oxfam Brasil.

Antonia Pellegrino, roteirista, escritora, produtora executiva, feminista, premiada pela Academia Brasileira de Letras e indicada ao Emmy e ao Oscar, trouxe dados que comprovam isso: “Hoje cerca de 92% da população mundial é governada por homens, mas foi a gestão das mulheres, 17 chefes de governos, que deixaram um legado de gestão pública e de saúde que estão se destacando no enfrentamento da pandemia”, explicou.

Veronique Alves Ribeiro, coordenadora do Projeto Mudar, se dedicou a falar sobre o viés da religião. “Falo como cristã, por ser vítima de violência psicológica e patrimonial vejo que a igreja tem o papel de ajudar, mas por vezes usa o contexto para oprimir, com textos bíblicos tirados de contexto. Se uma liderança não souber interpretar as escrituras, ao invés de ajudar, essas mulheres serão culpadas. Esse é um grande desafio, uma transformação de mentes”, denunciou.

16h10 – Desocupação juvenil e o legado da pandemia – a dificuldade de ser jovem no Brasil

Mais um painel de destaque nesta quinta-feira, ao apresentar a visão de jovens sobre sua própria realidade e a respeito de como a sociedade pode – e deve – observar a questão.

“O desemprego e a informalidade tomaram conta da juventude, principalmente a juventude negra e periférica”, pontuou Scarlett Rodrigues, analista de Projetos do Instituto Ethos, que moderou a conversa.

Debora Dias, estudante de Ciências Sociais na Unifesp, educadora popular do núcleo de base Ilda Martins de Souza/Angela Davis, apontou um possível caminho. “Precisamos ter alternância de poder, a juventude negra e periférica precisa estar nos espaços de decisão e reconstruir o que pensamos que são as instituições, a juventude precisa retomar um lugar em que sempre deveria ter estado”, disse.

Raull Santiago, CEO da Agência BRECHA de comunicação, demonstrou a concordância com a fala de Debora. “A população da favela gera recursos, mas é excluída da constituição das políticas públicas e de ter voz nos espaços de decisão. (…) O poder público não age como deveria, garantindo as estruturas necessárias. A favela é excluída e as políticas públicas que chegam aqui de forma permanente são pensadas apenas a partir da segurança pública. Isso representa a entrada da polícia com um pensamento criminalizador desse espaço, como a única política pública para esse lugar em que eu vivo”, analisou.

17h20 – Grilagem na Amazônia: um olhar do território sobre o roubo de terras públicas

Clarice Couto, jornalista especializada em agricultura, sustentabilidade e meio ambiente e repórter do Broadcast Agro/Estadão abriu a live apresentando dados que reforçam a necessidade de dialogarmos sobre o assunto. “Mais de 60% das florestas na Amazônia estão localizadas em terras públicas. A grilagem é um dos principais motivos das queimadas na Amazônia”, apresentou.

Erasmo Theofilo, presidente da Cooperativa de Agricultores da Volta Grande do Xingu, foi o primeiro a falar e explicou a dinâmica utilizada pelos grileiros para roubar as terras. “A grilagem de terras acontece quando uma pessoa chega numa região com grande capital e com interesses por uma terra e essa pessoa compra 2, 3 lotes enquanto ao redor tem muitos mais lotes, 30, 40… e, então, começa a cooptar os moradores locais. E, quando não os convence a vender, contratam terceiros para matar o chefe daquela família e, então, ameaçam as viúvas, como forma de servir de exemplo as demais”, denunciou.

Estevão Ciavatta, diretor do documentário Amazônia Sociedade Anônima, pontuou que nesse contexto a situação denunciada por Erasmo mostra “o que pode acontecer com todos que não fazem parte do jogo da grilagem de terras”. “Essa turma se deu bem e o Brasil se deu mal, uma turma muito empoderada, que acha que nada vai acontecer com eles. Espero que aconteça, espero que essa situação mude”, analisou.

Guilherme Coelho, da campanha “Seja legal com a Amazônia” apontou que para acabar com a grilagem é preciso “restabelecer o IBAMA, o ICMBio e a Funai” e que “temos que ter concursos públicos, gestores e a criação de mais áreas de proteção”.

18h30 – Greentechs e desenvolvimento sustentável – empreendedorismo com vocação científica

Paula Oda, coordenadora de Projetos de Integridade do Instituto Ethos, explicou que “a tecnologia pode ser um caminho que contribua e favoreça a preservação do nosso meio ambiente”. Ponto de vista compartilhado pelos demais participantes do painel.

Rafael Vicente de Pádua, biomédico, mestre e doutor em Tecnologia Nuclear (USP), avaliou o papel da academia nesse contexto. “A universidade tem a função de criar profissionais que possam pensar soluções e formar mão de obra que possa trabalhar com pesquisa e desenvolvimento”, disse.

Daniel Ruffato, CEO da Salt Engenharia e Meio Ambiente, contou sobre a ambição para um futuro próximo. “Hoje, temos um tempo de resposta demorado para fazer análises para verificar qual a qualidade de um corpo d’água. A proposta da Salt é criar a condição de um analisador com vários sensores, para ter esse resultado quase que em tempo real”, revelou.

19h30 – Por uma bioeconomia inclusiva e que mantenha de pé a floresta

Andrea Azevedo, diretora de Desenvolvimento Institucional no Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus), apresentou o cenário do tema a ser debatido ao iniciar o painel. “Sabemos que existe uma economia robusta no Brasil, que envolve toda a biodiversidade e que movimenta 2 trilhões de euros. No Brasil, há 30 mil negócios comunitários em todas as regiões, com comunidades que vivem da bioeconomia da floresta em pé”, contou.

Cientes desse cenário, Dione Torquato, secretário de articulação da juventude extrativista no Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS); Luciana Villa Nova, gerente de Sustentabilidade da Natura; e, Nina Juliette Best, chefe do Departamento de Políticas Públicas da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) do Governo do Estado do Amazonas – SEPLANCTI / SECTI, falaram a respeito dos desafios enfrentados no país.

“Não dá para falar de economia da floresta sem falar dos territórios tradicionais, que são espaços de luta política. Para nós é uma socioeconomia e uma luta para preservação de nossos territórios, que vem de várias décadas”, explicou Dione.

Luciana explicou como a socioeconomia é indispensável. “A Natura há anos trabalha com biodiversidade e desde o início defendíamos a compra de produtos naturais. Daí encontramos a socioeconomia, não só quanto ao patrimônio genético, mas a soma dos conhecimentos tradicionais. Sempre atuando em parcerias, com centros de pesquisa e inovação, acreditamos que essa bioeconomia tem tudo para acontecer, com mais investimento governamental.”

Já Nina, contou como o assunto vem sendo tratado no governo do Amazonas. “Aqui, tivemos a oportunidade de atuar pensando em relação a biodiversidade, para fortalecer essa narrativa, buscamos a promoção da justiça social e o incentivo ao desenvolvimento econômico, quanto as startups”, contou.

Por: Rejane Romano, do Instituto Ethos

Foto: Unsplash

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