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Trocas intensas de ideias são destaques da Conferência Ethos 2020

Temais atuais são analisados semanalmente junto a especialistas e interessados

04/09/2020

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O time de palestrantes da Conferência Ethos 2020, a cada semana, enriquece os temas atuais do evento. Nesta quinta-feira (3), não foi diferente. Diálogos sobre: a crise climática e suas correlações com a educação; ciência e educação ambiental em um painel oferecido pela Petrobras; os impactos dos vieses algoritmos nas nossas vidas; automação e negócios digitais pós-pandemia; e, o efeito poupa terra no Brasil podem ser assistidos no canal do Ethos no YouTube.

Destaques dessa troca intensa de ideias podem ser conferidos abaixo:

15h – Crise climática e transformações educacionais – o desafio para o qual temos pouco tempo para nos preparar

Traçando um paralelo entre duas crises que atualmente acometem o mundo, climática e de coronavírus, Bernardo Toro, filósofo e diretor da Fundação Avina, na Colômbia, explicou que “uma diferença entre a crise climática e a pandemia é que não sabemos nada do coronavírus” e completou dizendo: “Com a crise climática, podemos administrar a situação porque a conhecemos muito bem e sabemos como funciona o planeta. Na pandemia, estamos enfrentando o incerto, então só podemos nos proteger (…). A primeira coisa que aprendemos da pandemia e da crise climática é que precisamos entender e respeitar as suas causas”, avaliou.

Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos, ratificou a fala de Toro e aprofundou o alerta para a sociedade. “A crise climática é mais do que uma crise, hoje ela é uma emergência. A pandemia estabeleceu uma nova tensão para a crise climática. Estamos desatentos e distraídos, fora da importância que a emergência climática tem. O Bernardo reflete sobre como as características básicas da sociedade têm que ser repensadas”, pontuou.

O filosofo endereçou ainda apontamentos quanto a atuação das empresas. “Os empresários têm que pensar como criar condições estáveis para produzir um serviço que faça bem a sociedade. As transações de ganha-ganha são as únicas que podem sanar vários problemas e proteger o meio ambiente e ajudar a cuidar de nós mesmos, dos outros, do planeta e da espiritualidade. Isso significa que os protocolos das empresas têm que ser examinados do ponto de vista do ganha-ganha. Temos que seguir produzindo riqueza, porque temos que seguir consumindo, mas temos que fazer isso com transações de ganha-ganha”, orientou.

Outro importante destaque entre as falas de Toro, foi quanto a educação. “Um problema é que não ligamos a educação com a produção. Uma solução que temos que buscar é que as crianças permaneçam no sistema educacional até que terminem a faculdade. Estudar tem que ser mais importante do que trabalhar”, disse ele, apresentando o conceito que foi mote dessa atividade: as transformações educacionais.

16h10 – Petrobras oferece: Ciência e educação ambiental – vetores para reduzir a ameaça aos biomas e à biodiversidade brasileira

Marina Ferro, gerente-executiva do Instituto Ethos, iniciou o painel apontando que o objetivo seria “escutar os participantes sobre várias considerações a fim de proteger os biomas e nossa diversidade”. E assim foi feito!

A começar por Amanda Borges, consultora na área de Projetos Ambientais da Gerência Executiva de Responsabilidade Social da Petrobras, que contou sobre projetos que estão sendo realizados pela empresa em que atua. “A educação ambiental e a pesquisa sempre estiveram muito presentes na atuação da Petrobras (…) Para essas ações serem efetivas elas precisam envolver a sociedade. Todos os projetos contam, de alguma forma, com a participação continuada das pessoas inseridas nesses locais. A gente tem diversos projetos que atuam no desenvolvimento de habilidades. Como no ‘Amazônia Sustentável’, que conta com cursos e envolve comunidades ribeirinhas da Amazônia”, contou.

Para Amanda, nos projetos que integram a política pedagógica das escolas, “não só os alunos e as crianças aprendem, nós aprendemos o tempo todo, pois a gente vai mudando de perspectiva e pode aprender com todos, até pela troca nesse relacionamento com as comunidades, que foge ao conhecimento tradicional, científico e acadêmico”, explicou.

Claudio Padua, professor da Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e sócio diretor das empresas Biofílica Investimentos Ambientais S.A. e da Parquetur Participações e Concessões S.A., falou sobre o cerne dos projetos da IPÊ. “Estamos compondo uma paisagem ambiental com muita sustentabilidade. Para escalar esse modelo para outros locais do Brasil empreendemos em uma escola com sementes IPÊ que as pessoas podem levar para seus locais e implementar as ações. Assim, chegamos em vários locais do Brasil. Estou falando de mata atlântica, mas podemos também usar esse modelo na Amazônia e a ideia é que cheguemos a um Brasil em que as pessoas e a biodiversidade possam conviver. Educação ambiental para todos! Sem exceção”, destacou Claudio.

Gabriela Moreira, coordenadora do Projeto Guapiaçu, falou sobre as experiências vivenciadas no projeto. “Sempre atuamos com o engajamento com a sociedade para mudar hábitos que não eram saudáveis, como a extração do palmito, e desde de 2013 passamos a atuar mais fortemente com a educação ambiental através de alunos da educação básica (…). Esse é o desafio, falar para não convertidos sobre biodiversidade. O relato de uma estudante após ela já fazer trabalho de campo, indo à beira do rio, coletar amostras, foi que ela já se sentia uma cientista”, lembrou Gabriela, resgatando o propósito da organização em aproximar os alunos de escolas públicas da possibilidade de virem a cursar a faculdade e, até mesmo, seguirem carreira na ciência.

17h20 – Viés algoritmo e mathwhasing – a desconstrução da neutralidade e a educação ética do programador

“Temos uma percepção de que as máquinas e tecnologias são neutras e estão livres de vieses, mas elas são construídas por humanos e têm vieses relacionados, questões culturais e contextuais. Por isso, a importância da reflexão com relação a esses mecanismos”, foi assim que Paula Oda, coordenadora de Projetos de Integridade do Instituto Ethos, deu início ao diálogo que contou com a participação de Maria Elizabeth Sucupira Furtado, pesquisadora em Interação Humano-Computador (IHC) e Manoel Horta Ribeiro, doutorando na École Polytechnique Fédérale de Lausanne, na Suíça, onde trabalha do DataLab (dlab) e é membro do grupo internacional de pesquisadores iDrama.

“Com que dados esses algoritmos são treinados? Pesquisas mostram que o que acontece é que os dados podem perpetuar problemas socais, como preconceito e etc. (…) Parte da solução seria criar modelos que assumem um modelo causal do mundo, em que poderíamos explicar por que uma decisão está sendo tomada, qual a estrutura causal entre as variáveis. Precisamos criar modelos que sejam mais difíceis de absorver esses problemas quando forem utilizados. Isso é difícil porque é simplista acharmos que a solução para esses problemas de viés algoritmo vão se dar somente por vias técnicas”, ponderou Manoel.

“O problema não é técnico do desempenho dos assistentes virtuais, mas sim sobre as consequências do mau uso dessas tecnologias e da impossibilidade de uso de algumas dessas tecnologias. Alguns casos potencializam preconceitos sociais em funções de características psico sociodemográficas”, explicou Maria Elizabeth.

18h30 – Automação e negócios digitais são prioridade pós Covid-19?

Paula Oda, coordenadora de Projetos de Integridade do Instituto Ethos, seguiu falando sobre os desafios no campo da tecnologia. “Muito se fala de toda inovação tecnológica e quanto melhora a nossa relação com o meio ambiente, como a questão de melhoria na pegada do carbono. Mas, um dos dilemas é a geração de lixo tecnológico”, considerou ela, como provocação inicial.

Marco Terra, professor Associado do Departamento de Engenharia Elétrica da EESC/USP, pontuou sua fala analisando a atual conjuntura. “Esse tema é de suma importância nesse momento, porque as projeções que estavam sendo feitas nos últimos 4 anos, para negócios digitais e automação, eram para 4 anos, com extensões até 2030. Haviam estimativas, antes da pandemia, muito bem balizadas, junto a academia e governos, os envolvidos nesse projeto, com um planejamento que agora tem que ser refeito. Os níveis de incerteza aumentaram consideravelmente, por exemplo, um número que vem sendo apresentado é que o sistema perdeu 4 bilhões de empregos no mundo”, avaliou.

Marco ainda falou sobre as mudanças no setor: “Acredito que os prazos de análise serão estendidos, com novas posições de trabalho, até 2030. Por exemplo, a Uber, que estava investindo muito em questões como “carros que voam”, vai mudar o foco. Até mesmo os investimentos em tecnologia em terra, como na Alemanha com os carros elétricos, vão mudar. O ritmo estava muito forte, mas o aumento das incertezas, faz com que todos tenham que medir onde e como atuar”, apontou.

19h30 – Efeito poupa terra e sua importância para o Brasil

“Qual a importância desse painel? Muitas experiências no campo conciliam o aumento de produtividade agropecuária e a conservação, sem ampliar a área cultivada, o que é importantíssimo. Estudos mostram que usar essa técnica aumenta em 25% a produção de culturas agrícolas”, explicou Sônia Araripe, editora da Plurale, que moderou a conversa.

Podemos sintetizar a fala de Antônio Márcio Buainain, professor do Instituto de Economia da Unicamp, pesquisador sênior do INCT/PPED e do NEA+, em: “A agricultura brasileira e o padrão de crescimento da sociedade se mostram inviáveis. A agricultura, para continuar crescendo, deve seguir o paradigma dos ‘Ss’. De sustentabilidade ambiental, de saúde das pessoas e dos animais, de segurança alimentar e da seguridade dos alimentos. Um ‘S’ muito grande de sustentabilidade”, explicou o especialista.

Frente aos desafios como, por exemplo, com a necessária tecnologia para melhorar a utilização da terra, Antônio observou que “são desafios que podemos superar, temos todas as condições para isso. De fato, é necessário manter essa trajetória de poupar terras e melhorar a utilização dos recursos naturais rumo a sermos mais sustentáveis e contribuir com o equacionamento desse problema grande de mudanças climáticas, conciliando com o abastecimento agropecuário e de bioenergias necessárias”.

Geraldo Martha, pesquisador sênior na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas – São Paulo), apresentou o histórico no Brasil quanto ao setor agropecuário. “No estilo de crescimento da agropecuária brasileira podemos identificar mazelas, mas, no agregado, foi um caso de sucesso. Até a década de 60, o Brasil recebia doação de alimentos e no início dos anos 80, o Brasil já era um dos maiores importadores de alimentos do mundo. Hoje estamos entre a terceira e segunda colocação em exportação de alimentos. Conseguimos a segurança alimentar para o nosso povo e somos um dos poucos países no mundo que caminha para a soberania alimentar, mas nem sempre essa trajetória foi fácil”, resgatou.

Por: Rejane Romano, do Instituto Ethos

Foto: Unsplash

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