Painel de abertura sinalizou desafios e atuação do setor corporativo
A Conferência Ethos 360° em São Paulo realizada nos dias 26 e 27 de setembro, no Transamérica Expo Center, acontece em um momento propício e até mesmo histórico, tendo em vista a grande contribuição que o evento confere à sociedade, colaborando para as mudanças que precisam ocorrer no Brasil. Neste sentido, os assuntos e reflexões que integram a tônica das discussões, tanto a respeito da conjuntura econômico-política quanto da importância do protagonismo dos dirigentes de empresas, visam a transformação dos rumos do país. Na cerimônia de abertura, Caio Magri, diretor presidente do Instituto Ethos, e moderador do painel de abertura, apresentou itens do estudo lançado pela Oxfam um dia antes, “A distância que nos une – um retrato das desigualdades brasileiras”.
Em seguida, o público presente assistiu a um vídeo com a mensagem de Paulo Nigro, conselheiro do Ethos e presidente do Aché Laboratórios, ressaltando aspectos da sustentabilidade e seus reflexos como um todo na vida das pessoas. “Na Aché estruturamos nosso planejamento em longo prazo, com direcionamentos claros quanto à onde queremos chegar”, exemplificou.
“Na estrada da ética não temos atalhos”, lembrou João Paulo Ferreira, presidente da Natura, fazendo alusão a alguns líderes empresariais que, ao invés de ocuparem os cadernos de economia dos jornais, muitos deles se encontram hoje estampados nas páginas policiais. “Como defender os nossos valores se mantendo íntegro?”, questionou ele, ao mesmo tempo em que aproveitou para comentar sobre a necessidade da preservação da Amazônia, tão fragilizada e que continua sendo destruída. Há mais de 20 anos, a empresa está engajada em ações que visam a preservação daquele território.
Na oportunidade, o executivo fez questão de comemorar o anúncio que extinguiu na totalidade o decreto que previa a abertura da Renca, situada entre os Estados do Pará e Amapá, área que seria entregue às empresas de mineração “de olho somente nos tesouros naturais da região”.
Como o diálogo de abertura reuniu líderes de diversos segmentos em torno de causas comuns, Flavio Cotini, presidente e CEO do Walmart Brasil, não deixou de externar sua preocupação diante do cenário delicado pelo qual o país e o mundo atravessam, “uma vez que nosso desenvolvimento sócio e econômico tem que passar pelos valores da ética. E nesse veículo, “não podemos ser simplesmente passageiros, mas sim os motoristas dessa condução”, determinou.
De acordo com Cotini, o segmento empresarial tem pouco envolvimento na vida política do Brasil, alertando para a necessidade de o setor privado assumir uma posição proativa, principalmente nesse momento de mudanças. “Nesse sentido, temos o Ethos como referência e exemplo a ser seguido”, sentenciou.
Participando pela primeira vez na Conferência Ethos, Janete Vaz, cofundadora e presidente do Grupo Sabin, também reforçou a oportunidade de “passar o Brasil a limpo”, resgatando os valores da família, da escola e até mesmo de líderes empresariais. “Cabe a nós – empresários – sermos fontes de inspiração, ouvir e entender a necessidade do outro e adequar-se a ele”, sugeriu.
Janete salientou o atual empoderamento do público feminino, questionando, porém, aspectos da violência e dos salários diferenciados impostos às mulheres. “Isso não acontece dentro do Grupo Sabin, até porque há necessidade de sermos protagonistas na melhoria das condições de vida das pessoas”, reforçou.
“A integridade, respeito e o cuidado com as pessoas integram os nossos valores”, enfatizou Otávio Carvalheira, presidente da Alcoa Brasil, que atua no país há mais de 50 anos, numa área muito delicada: mineração de metais. ”Acreditamos que podemos servir de exemplo”, considerou. O engajamento da empresa junto às comunidades onde atua foi apontado como fato fundamental e que integra a estrutura Alcoa.
Agradecendo a presença de todos que deixaram de lado seus compromissos profissionais e até pessoais para participarem da Conferência Ethos, Franklin Feder, presidente do conselho deliberativo do Instituto, lembrou que a base da sustentabilidade, se chama integridade. Feder terminou sua fala ressaltando que a reflexão e a tomada de decisão figuram como objetivos do encontro. “Nossa missão é sairmos do evento prontos para atuar com uma agenda de desenvolvimento de longo prazo.”
Por Zulmira Felício, para o Instituto Ethos
Foto: Clóvis Fabiano e Kleber Marques