Clovis-FabianoxEmpresas procuram criatividade e empreendedorismo em diversos segmentos da economia nacional.                                

“Humanos não são recursos. Toda empresa tem de ver exatamente quem anda contratando, de onde essas pessoas vêm, o que representam na sociedade e como podem contribuir para o desenvolvimento de produtos e serviços. Temos também de revisar as entranhas para inovar.” A provocação, feita pela chefe da comunidade de startups da Microsoft Brasil, Silvia Valadares, deu o tom das discussões na mesa “Inovação Aberta e o Capital de Risco Corporativo”, da Conferência Ethos 360° 2015.

O tema envolveu a participação de Marcelo Nakagawa, diretor de Empreendedorismo da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap) e professor de empreendedorismo da Fundação Instituto de Administração (FIA), do Insper e da Fundação Vanzolini; Peter Seiffert, líder da área de Corporate Venture Capital da Embraer; Marcelo Frontini, diretor departamental da área de Pesquisa e Inovação do Banco Bradesco; e Silvia Valadares, que provocou o público ao apresentar os riscos que as operações de inovação aberta podem representar e ao defender a diversidade corporativa.

Nakagawa abriu o debate citando Clayton Christensen, mundialmente conhecido pelo seu estudo em inovação em grandes empresas e autor do livro O Dilema da Inovação (2007), em que criou a teoria de inovação disruptiva. Nessa teoria, as empresas apresentam um produto ou serviço que cria um novo mercado e desestabiliza os concorrentes que antes o dominavam. Segundo Christensen, é geralmente algo mais simples, mais barato do que o que já existe ou algo capaz de atender um público que antes não tinha acesso ao mercado ou era ignorado ou desconhecido.

Como exemplo, Nakagawa citou o caso da câmera GoPro: “Essa câmera poderia muito bem ter sido desenvolvida pela Sony”. Para ele, o desenvolvimento de novos produtos ou serviços cria novas oportunidades em inovação aberta.

Peter Seiffert disse que a Embraer vive um momento de fast tech, ou seja, de grande atenção a empreendimentos ligados à tecnologia e à inovação. “A empresa não consegue inovar na velocidade necessária e por isso nos associamos a empreendedores. A produção e a entrega em uma startup é incrível!”, avaliou.  E, para tornar viáveis essas associações, a empresa optou pela criação do Fundo de Investimento e Participações – o FIP Aeroespacial -, que é o primeiro da América Latina e tem por objetivo o desenvolvimento de um ecossistema e fornecedores de base tecnológica para a indústria aeronáutica. “Precisamos de mais corporações apoiando as iniciativas de inovação aberta. Hoje, o arriscado é não adotar essa inovação, que, no caso da Embraer, faz parte do planejamento estratégico.”

Marcelo Frontini apresentou o programa InovaBRA, criado no ano passado para acelerar os processos de inovação no Bradesco. De saída, o projeto recebeu a inscrição de 500 propostas de inovações disruptivas de diversos tipos.

clovis-fabiano“Nós recebemos até projetos para o controle de mosquitos. Mas decidimos nos concentrar naqueles ligados ao negócio principal do Bradesco. Foram selecionadas oito propostas. Todas elas criam soluções para os clientes Bradesco”, afirmou Frontini. O resultado foi tão satisfatório que, disse ele, um novo ciclo de seleção de projetos está agendado para antes do final deste ano. “Os interessados devem acessar www.inovabra.com.br e conferir as condições de participação.”

Silvia Valadares trabalha exclusivamente com startup. Atualmente, a Microsoft Brasil apoia 2.500 iniciativas que apresentam elevado risco, pois grande parte desses empreendedores não tem cultura corporativa e, muitas vezes, não entende de gerenciamento de projetos. “Sem contar que alguns deles, durante o processo, abandonam ou trocam de apoiador, por achar que ganharão mais. Já trabalhei com mais de 6 mil projetos e, acreditem, já vi de tudo”, revelou a executiva.

Por Bruno Starnini Jr. (Envolverde), para o Instituto Ethos.

Foto: Clovis Fabiano