brunoPara muitas empresas falta a clareza sobre o que procurar, pois muitas vezes os sinais de irregularidades são fracos.                                                        

Depois da descontraída conversa sobre “Inovação Aberta”, o período da tarde do primeiro dia Conferência Ethos 360º tratou da pesquisa “Inteligência em Gestão de Riscos e Antecipação a Crises”, organizada pela Delloite, em parceria com o Instituto Ethos. Os resultados foram apresentados pelo sócio da área de Consultoria em Gestão de Riscos da Deloitte Estados Unidos, Juan Duque.

A pesquisa reuniu 95 respondentes de empresas dos setores financeiro, de manufatura, de varejo e bens de consumo, de infraestrutura e de serviços. Desse universo, 46% pertencem ao nível de presidência ou de diretoria, o que atestou o envolvimento da alta administração sobre a gestão de riscos. Também chamou a atenção a participação das empresas de médio e pequeno porte, indicando um interesse crescente do chamado middle market sobre gestão de riscos e crises.

Duque explicou também por que é difícil para as empresas gerenciar as crises. “Para muitas, falta a clareza sobre o que procurar, pois muitas vezes os sinais de irregularidades são fracos.” Ele explicou ainda que essas sinalizações podem ter suas fontes de origem em outras unidades ou localidades.

Outro fator preponderante é a ausência de precedentes históricos. “A condição de acontecimentos como esses nunca terem acontecido antes e a aplicação de métodos e ferramentas tradicionais não são eficientes para a prevenção de crise”, reforçou.  Especialmente por que muitos não conseguem enxergar “fora da caixa”, como salientou Duque.

Entre os aspectos revelados está o fato de que mais de 60% das organizações pesquisadas já possuem uma área de gestão de riscos, porém 68% delas indicaram não endereçar os problemas para os especialistas do setor.

Para as crises relacionadas à segurança da informação, os papéis e responsabilidades por eventuais crises estão bem definidos. Nos demais cenários, o estudo apontou uma dispersão, o que pode acarretar a ausência de padronização nos processos e dificuldades em promover uma resposta imediata à crise.

“Nossa pesquisa concluiu que, apesar do crescente interesse, a questão não está madura nas empresas”, disse Duque. Mesmo assim, segundo ele, é notável a preocupação com os riscos regulamentares e de forte impacto nos resultados, tais como os relacionados ao fluxo de caixa, aspectos trabalhistas, contábeis e financeiros.

Os principais riscos gerenciados entre as empresas pesquisadas são fluxo de caixa, reputação e imagem e questões trabalhistas e ambientais. Entre as crises mais enfrentadas pelas empresas estão as relacionadas a aspectos econômicos, desastres naturais e produtos. Mas menos da metade dos respondentes declara ter indicadores de risco formalmente estabelecidos e orientados para a tomada de decisões.

Duque chamou a atenção para o fato de que entre as práticas mais adotadas de gestão de riscos e crises estão as definições de políticas de gestão de riscos, de continuidade de negócios e de crises e a avaliação dos potenciais cenários baseada na estratégia de negócios. Pouco mais de um quinto das organizações mantém  um comitê para orientar a gestão de riscos, continuidade de negócios e crises. Por isso, explicou o executivo, “é preciso definir com precisão os papéis e responsabilidades e praticar simulações para evitar falhas e surpresas”.

Os consultores da Delloite concluíram que é necessária uma melhor integração entre as ações de gestão de risco e gerenciamento de crises. Além disso, os planos de avaliação de riscos devem ser analisados e preparados para cobrir todas as demandas e condições existentes.

Por Bruno Starnini Jr. (Envolverde), para o Instituto Ethos.

Foto: Clovis Fabiano