Instituto C&A e Forum for the Future mostram os bastidores do projeto Cotton 2040, criado para tornar a produção de algodão mais sustentável.
Como marco de seus 25 anos de atuação, o Instituto C&A decidiu renovar e reposicionar estrategicamente suas atividades. A causa assumida não poderia ser mais impactante, sobretudo para o mercado da moda: a produção do algodão.
Para isso, tornou-se um parceiro importante do Forum for the Future em cooperação ao projeto Cotton 2040, iniciativa elaborada com objetivo de tornar globalmente mais sustentável toda cadeia de produção da fibra.
Durante as apresentações da Conferência Ethos 360º deste ano, Sally Uren, CEO do Forum For The Future, contou como está sendo essa experiência.
“Ações colaborativas com potencial de transformar setores: o caso do algodão foi um encontro que expôs a profundidade desse desafio. O algodão é cultivado para produzir nossas roupas desde a antiguidade. Ainda hoje é a fibra natural mais usada para nos vestirmos”, comentou.
O tempo e o uso são proporcionais às mudanças necessárias para eliminar os impactos negativos relacionados ao cultivo. Entre os exemplos, estão questões ofensivas à humanidade e ao ambiente natural, como o trabalho escravo, o uso abusivo de pesticidas e a desvalorização do produtor, entre outros aspectos relevantes.
“Há barreiras sistêmicas a serem enfrentadas porque a estrutura do mercado atual beneficia a inércia empresarial. Quando apresentamos o programa ao mundo corporativo, precisamos começar dizendo que o cenário futuro de escassez de água comprometerá significativamente a produção. Ao entender que o produto está em risco, os empresários começam a nos ouvir”, relatou a CEO.
Para um quilo de algodão, são necessários 24 litros de água. Uma relação que gera preocupação. As mudanças climáticas e a criação de novos produtos também são fatores de risco para a cadeia produtiva. Isso agrava a situação, pois existe uma grande quantidade de fazendeiros que está migrando para as cidades, motivados pela baixa de preço que dificulta a continuidade da produção.
A executiva acredita que novos arranjos que incluam o apoio governamental estão entre os caminhos para transformar esse cenário. Como campanhas que incentivem os consumidores a buscar o algodão sustentável, algo tido como essencial nesse contexto de esforço.
Diante disso, Peter Lacy, diretor global da Accenture Strategy e moderador do encontro perguntou: “E na prática, em que momento desse processo nós estamos?”
Imediatamente, Sally reagiu e respondeu ao questionamento.
“Estamos na fase da resistência às mudanças. Quanto mais perto de uma mudança estrutural, mais se manifestam forças contrárias. Mas não podemos assistir ao futuro acontecendo. Somos nós quem o fazemos. A aproximação com os governos, principalmente os asiáticos, em longo prazo trarão as transformações que buscamos. Em paralelo, as parcerias entre governo, consumidor e indústria representam outro meio de mostrar que é possível trabalhar de forma diferente”.
Por Ludmila do Prado (Envolverde), para o Instituto Ethos.
Foto 1 e 2: Fernando Manuel