cop21-2É hora de articular políticas para a efetiva redução de emissões e construir instrumentos financeiros que valorizem uma economia de baixo impacto.

A emergência de ações práticas para o enfrentamento das mudanças climáticas exige um posicionamento articulado e comprometido dos governos, sobretudo das nações desenvolvidas, as que há mais tempo  contribuem para o aumento da temperatura.

O tema está na agenda dos países participantes da próxima Conferência do Clima, a COP 21, que acontecerá em dezembro, em Paris, e tem como objetivo encadear um novo acordo climático capaz de diminuir a emissão de gases do efeito estufa para que a temperatura não suba mais do que 2° C até 2100.

Ciente da importância de o Brasil adotar uma postura de liderança diante das questões ambientais, o Instituto Ethos trouxe para a Conferência 2015 o “Diálogo Fórum Clima: Rumo à COP 21”, que reuniu, na tarde do primeiro dia de evento, os palestrantes Alfredo Sirkis, diretor executivo do Centro Brasil no Clima, e Everton Lucero, chefe da Divisão de Clima, Ozônio e Segurança Química do Ministério das Relações Exteriores. A apresentação contou com a mediação de Fábio Abdala, gerente de sustentabilidade da Alcoa.

Sirkis foi enfático: “A situação climática é dramática. Se, desde a Revolução Industrial, a temperatura aumentou menos de 1° C e já estamos vendo isso que está acontecendo ao redor do mundo, ou seja, secas, enchentes, oscilações térmicas cada vez mais fortes, o que podemos esperar?”, perguntou.

cop21A reflexão de Everton Lucero trouxe uma visão  mais positiva. Para ele, as propostas que o Brasil está discutindo e que serão levadas para a COP farão com que o país contribua para que o encontro termine com um acordo que permita avanços. “O Brasil tem um papel importante. Não sairemos de Paris sem algo concreto, que passe por uma influência brasileira.”

Se estabelecermos um comparativo com o universo empresarial, no qual uma empresa deseja melhorar suas operações para ser mais eficiente, saindo do ponto A para o B, naturalmente será estabelecida uma conexão com a necessidade financeira que dê suporte a essa mudança. Da mesma maneira, para que possamos sair de uma economia poluidora para uma menos impactante, estamos falando de uma transformação que precisa de investimento. Um grande investimento.

“E onde está o dinheiro?”, perguntou Sirkis, respondendo em seguida: “Nas instituições financeiras. É um problema de macroeconomia mundial. Precisamos trazer esse dinheiro e construir uma nova ordem financeira mundial”, ressaltou.

“É preciso ir além do comando e controle para mecanismos de incentivo”, completou Lucero. Abdala aproveitou a deixa e emendou com a pergunta: “E quais instrumentos existem?”.

Desta vez foi Sirkis quem concluiu: “Já que foram os bancos oficiais que financiaram o desmatamento no passado, é justo que sejam eles parte da solução”.

Por Ludmila do Prado (Envolverde), para o Instituto Ethos.

Foto: Fernando Manuel