Brasil pode se beneficiar de um mercado estruturado de carbono, no qual a produção por processos de menor emissão pode ser vantagem competitiva.
“A perspectiva é de que o mercado de carbono movimente mais de US$ 2 trilhões até 2050”. A cifra vultosa destacada por Alexandre Kossoy chamou atenção das pessoas que o ouviam durante a tarde do primeiro dia da Conferência Ethos 2015. Ele destacou, no entanto, “a urgência de precificar o carbono”.
Kossoy é especialista sênior em finanças do Departamento de Políticas das Mudanças Climáticas e Finanças do Banco Mundial e foi o palestrante convidado para apresentar um panorama sobre o mercado de carbono. A palestra foi oferecida pela CPFL Energia.
Esse mercado, no entanto, apresenta alguns desafios importantes. O principal deles é estabelecer um padrão de preço para a tonelada de carbono. A falta de padrão, segundo o especialista, inibe a estruturação do carbono como uma commodity.
Assim como as instituições governamentais têm pensado em Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), criados pelo Protocolo de Quioto, é possível que pensem em políticas de redução de emissões que passem por uma maior taxação aos combustíveis fósseis, apontou o especialista. Isso seria um passo importante para a consolidação de um mercado de carbono estruturado.
Neste contexto, o Estado tem o poder de estimular ou frear negociações, dependendo de seu posicionamento. “Na União Europeia a receita gerada é investida em novos projetos de descarbonização”, exemplificou.
Em relação à posição do Brasil nesse cenário, ele disse que ainda não se tem uma posição clara, mas que o país tem buscado compreender melhor esse mercado. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, já existe o desejo de formar um mercado de precificação de carbono, mas ainda é incipiente. A tecnologia atual permite que sejam realizadas simulações de comércio de emissões. “Agora, precisamos transformar esse dinheiro de mentira em dinheiro de verdade”, pontua.
Por Ludmila do Prado (Envolverde), para o Instituto Ethos.
Foto: Thiago Lopes