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Empresas são cada vez mais necessárias para enfrentamento da crise

Ethos pede que setor corporativo reforce compromissos para evitar colapso maior

Em nosso primeiro posicionamento, apelamos para que as empresas não esqueçam seus compromissos com a responsabilidade social, princípios defendidos há mais de 20 anos pelo Instituto Ethos. Desta vez, convocamos as empresas a se posicionarem e engajarem em ações coletivas para o enfrentamento da crise, bem como reforçamos a necessidade da adoção de medidas de proteção das pessoas e a favor da vida.

Passados mais de 40 dias desde o início do isolamento social e mais de 8.500 mortes em nosso país, o cenário atual é de incertezas. Mas, uma certeza que temos é sobre a importância de orientar ações baseadas em ciência e em órgãos confiáveis, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as experiências bem-sucedidas de países que conseguiram conter a propagação do vírus.

Com a baixa testagem no Brasil, que não permite ter uma real dimensão da pandemia no país, e considerando a experiência dos países que enfrentaram a doença primeiro que nós, a maior ferramenta de prevenção tem sido o isolamento social, além das medidas de higiene.

Nesse sentido, as empresas têm a responsabilidade e a oportunidade de colocar todos os seus esforços para que alcancemos os números ideais de isolamento, com o objetivo indiscutível de salvar vidas.

Com taxas atuais em torno de 48% de isolamento social, longe do que seria o ideal (70%), já se pressiona por uma flexibilização, algo que prejudicará ainda mais o enfrentamento da doença e prolongará a crise sanitária e econômica por mais tempo. Por isso, reforçamos a necessidade das empresas atuarem mais fortemente na proteção e segurança das pessoas, não apenas de seus colaboradores diretos, mas de todos que estão em sua esfera de influência, compreendendo as suas relações de interdependência e a possibilidade de impactar positivamente um número incontável de pessoas.

A decisão por manter atividades não essenciais sendo realizadas remotamente é uma deliberação das empresas, que são chamadas, nesse momento, a repensar seus negócios, suas formas de trabalho e a considerar a novos modelos por um período maior do que as autoridades possam indicar.

Em meio a esse cenário crítico que vivemos, a pressão pelo fim do isolamento nos coloca a falsa dicotomia de que “ou se morre pela Covid-19 ou pela falta de emprego”. Todos somos responsáveis por minimizar os impactos da pandemia, porém, por princípio, os governos têm a responsabilidade de garantir a proteção social. O apoio financeiro às pessoas mais vulneráveis e às empresas, para que mantenham empregos, até agora é insuficiente.

Nesse cenário, os riscos se agravam e as desigualdades se aprofundam, evidenciando nossa fragilidade estrutural para a preservação da vida. É preciso mais por parte do Governo Federal e dos estados nesse sentido.

Movimentos empresariais têm surgido e são importantes para demonstrar a força das empresas em protagonizar o enfrentamento da crise, usando recursos, influência e voz para orientar e promover ações, além de dar exemplos de que é possível superar a crise sem prejudicar os mais vulneráveis. O movimento “Não demita!” é um exemplo do compromisso de empresários que reconhecem suas responsabilidades e abrem mão do imediatismo de uma visão de curto prazo, se comprometendo a manter os empregos pelo período mínimo de dois meses (de 01 de abril a 31 de maio).

Além de atuarem coletivamente nas ações que lhes cabem, é o momento das empresas unirem esforços para demandarem medidas mais efetivas e adequadas aos governos. É muito importante que essas medidas não penalizem ainda mais os trabalhadores e as empresas, fazendo-se cumprir o papel esperado do Estado em cenários de calamidade, a exemplo de países onde os governos têm enfrentado a crise de forma responsável desde o início.

De nossa parte, estamos aprofundando as discussões sobre o papel das empresas no enfrentamento da crise, estamos trabalhando no desenvolvimento de referências, saídas e soluções para esse momento e convidamos todas as nossas associadas a se engajarem nesse processo. O Ethos coloca-se como um parceiro na construção desses diálogos com a sociedade e governos.

Ressaltamos nosso apelo para que as empresas reforcem seus compromissos com a responsabilidade social e atuem para evitar um colapso maior. O momento é difícil, mas devemos unir esforços para minimizar os impactos e construir um mundo pós Covid-19 mais sustentável e justo, como resultado do protagonismo daqueles que detém influência e voz e que não se eximem da responsabilidade de promover as ações necessárias em benefício da vida e da justiça social.

Foto: Unsplash

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