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O Brasil não tem motivos e nem condições para sediar a Copa América

As políticas e decisões precisam ser tomadas de forma a priorizar o enfrentamento da pandemia nesse momento

Em meio à crise sanitária, social e econômica, com altos índices de contaminação e mortes causadas pela pandemia de Covid-19, ocupando a segunda posição nos números globais, o Brasil aceitar sediar a Copa América é um descaso com a população brasileira.

A decisão foi anunciada pela Conmebol, entidade responsável pelo campeonato, antes de qualquer anúncio formal do governo brasileiro e com menos de um dia de intervalo após o anúncio do cancelamento do evento na Argentina. O rápido anúncio coloca a preocupação de que a decisão tenha sido tomada sem discussões com os órgãos necessários, sem estabelecer exigências mínimas de segurança para que o evento não provoque um agravamento da crise sanitária brasileira e sem uma avaliação técnica das condições para receber a competição neste momento em que não há indícios de controle da pandemia no país.

Concomitante a isso, a CPI da Covid investiga a negligência das autoridades brasileiras no enfrentamento da pandemia e mesmo diante das graves evidências de descaso, o governo brasileiro opta por sediar um evento que envolverá o trânsito de grandes delegações vindas de outros países para o Brasil.

O Ethos acompanhou a realização dos megaeventos esportivos no país, por meio do projeto Jogos Limpos dentro e fora dos Estádios, cujo objetivo era contribuir para maior transparência, integridade e controle social sobre os investimentos que seriam feitos no país para a Copa de 2014 e para a Olimpíada e Paraolimpíada de 2016. Ao longo do projeto, foram constatados diversos problemas além dos relacionados aos investimentos, como o impacto nas comunidades locais e ausência de diálogo para a realização dos eventos. Nesse contexto que vivemos, a exposição de trabalhadores, atletas, comissões e todos que poderão ser envolvidos é um risco desnecessário e alto.

Somos um dos países mais afetados no mundo pela pandemia. Por isso, em nossa opinião, as ações governamentais devem focar na vacinação em massa para a retomada da normalidade na vida das pessoas e das empresas, como temos observado em vários países pelo mundo. É importante lembrar que ainda estamos em um contexto de calamidade pública, conforme o Decreto Legislativo 6/2020 e a Lei nº 13.979/20, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública.

Por todas essas questões, nós, do Ethos, acreditamos que o Brasil não deve ser anfitrião de um evento desse porte. O governo federal já optou por uma política contrária às recomendações da OMS, ineficiente no enfrentamento da pandemia, como comprovam os índices. Portanto, o momento exige atenção e comprometimento para que as políticas e decisões sejam tomadas de forma a priorizar o enfrentamento da pandemia.

Foto: Unsplash

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