Conferência Ethos em SP promove reflexão sobre o papel das empresas e sociedade em prol de cidades sustentáveis
A cooperação plena e duradora em torno das cidades sustentáveis e as experiências de ocupação do espaço urbano figuraram entre as temáticas abordadas na palestra “Empresas, Sociedade e Cidades”, com as presenças de Jorge Abrahão, coordenador geral do Programa Cidades Sustentáveis (moderador); José Marcelo Zacchi, secretário geral do GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas; Cloves Carvalho, diretor do Instituto Votorantim e Lívia Pagotto, pesquisadora do GVces.
O município mais rico e complexo do país, São Paulo, é uma cidade desigual cumulativa em termos de renda, segurança, educação, saneamento, saúde e assistência social, entre outros. “Esta é uma situação que não é boa para ninguém que vive aqui”, afirmou Abrahão. Para reforçar o assunto, ele apresentou alguns dados que revelam tal desigualdade: a idade média de vida de um morador do bairro de Pinheiros é de 80 anos, enquanto de uma pessoa que vive na extremidade periférica, em Cidade Tiradentes é de 54 anos. Ou seja, 26 anos a menos. “O percentual de grávidas é 0.1% entre as mulheres (até 19 anos) que residem no bairro de Jardim Paulista, sendo que esse percentual salta para 20% entre as gestantes que moram em Perus”, destacou o coordenador geral do Programa Cidades Sustentáveis. Segundo ele, questões como essas só avançam de modo positivo com muito diálogo e reflexão.
“A cidade é uma plataforma poderosa de encontro de pessoas e pode ser tanto prazerosa quanto de conflitos”, completou Lívia Pagotto. Daí ser um espaço complexo e, sem planejamento, tem que arcar com o peso dos custos, a curto, médio e longo prazo.
Neste sentido, como dialogar com o território, ou melhor, “como dialogar com o poder público, e contribuir para fortalecer esse tecido coletivo?”, indagou Zacchi, secretário geral do GIFE. Qualquer que seja a ação pública – desde a criação de uma pista de skate a inauguração de um teatro -, como se dá a ocupação e a preservação desses espaços por parte das pessoas? Foram essas algumas das colocações feitas por Zacchi.
Compartilhando as experiências vivenciadas pelo Instituto Votorantim, com uma atuação mais efetiva no ambiente ao qual se insere, Carvalho enfatizou a importância das empresas apoiarem o gestor público na busca em proporcionar bem-estar e melhorais para a população como um todo.
Um ponto comum que foi abordado entre os participantes da mesa diz respeito aos interesses das companhias, uma vez que todas apontam para uma sociedade mais igualitária.
Por Zulmira Felício, para o Instituto Ethos
Foto: Clóvis Fabiano e Kleber Marques