Por: Lucas Souza, analista de Comunicação Institucional do Instituto Ethos
Dez anos após o Acordo de Paris, o mundo se depara com um cenário ainda mais complexo em relação à mudança do clima. Em breve, o Brasil sediará a COP30, um marco histórico não apenas pela localização, mas pela responsabilidade de apontar caminhos concretos para a próxima década. O evento coloca o país no centro da diplomacia climática e convoca todos os setores a assumirem compromissos mais ambiciosos. Nesse contexto, o papel das empresas se torna ainda mais determinante.
Tradicionalmente, o debate climático esteve centrado na redução das emissões de gases de efeito estufa. Hoje, as expectativas são mais amplas. Justiça climática, direitos humanos, biodiversidade, combate às desigualdades e justiça racial passam a compor a agenda que conecta meio ambiente e sociedade. Para as empresas, significa repensar estratégias de longo prazo e assumir que sustentabilidade não é apenas mitigar impactos ambientais, mas integrar dimensões sociais, culturais e econômicas em sua governança.
Esse olhar interseccional ficou evidente durante a Conferência Ethos 2025, que reuniu lideranças empresariais, especialistas e representantes da sociedade civil para refletir sobre o papel corporativo em um mundo que exige respostas urgentes.
A integração de perspectivas diversas é uma oportunidade de inovação para as empresas. Ao adotar a justiça climática e os direitos humanos, a transição para uma economia de baixo carbono se torna mais justa, protegendo comunidades vulneráveis e garantindo relações mais transparentes e responsáveis em toda a cadeia de valor.
A COP30 representa, portanto, uma oportunidade histórica para que empresas brasileiras e globais revisitem seus modelos de negócio e ampliem sua atuação além do cumprimento regulatório. O mundo espera que o setor empresarial vá além das metas ambientais e contribua ativamente para a redução das desigualdades e promoção da integridade socioambiental. Mais do que mitigar riscos, trata-se de assumir um papel transformador.
O Instituto Ethos tem buscado, justamente, fomentar esse diálogo entre empresas, organizações da sociedade civil, academia, populações tradicionais e governos. Às vésperas da COP30, o recado é claro: empresas que desejam se manter relevantes precisarão adotar uma visão integrada da sustentabilidade em que clima, justiça social e governança caminham lado a lado.
O futuro das corporações está diretamente ligado ao futuro do planeta, e a próxima década será decisiva para provar isso.

 
     
                     
                     
                    






