O Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto, reforça a urgência de discutir os riscos enfrentados por defensores e defensoras ambientais no Brasil, entre eles, povos indígenas. Segundo o relatório da organização Global Witness, o país permanece entre os mais perigosos do mundo para quem atua na proteção do meio ambiente, com registros frequentes de ameaças, criminalizações e assassinatos. 

Grande parte desses ataques está relacionada a disputas por uso, acesso e controle de territórios habitados por comunidades indígenas. A intensificação da crise climática e a crescente exploração de recursos naturais agravam ainda mais a situação dessas populações, historicamente ligadas a modos de vida sustentáveis. 

O Instituto Ethos destaca que o setor empresarial desempenha papel central nesse contexto. A atuação de grandes empreendimentos em determinados territórios, sem diálogo adequado com comunidades locais, pode contribuir para o aumento de conflitos socioambientais. Por outro lado, há experiências que indicam a viabilidade de abordagens baseadas em escuta qualificada, pactuações transparentes e respeito à autonomia das populações tradicionais. 

Outro ponto ressaltado pelo Ethos é a necessidade de tratar de forma transversal as infrações ambientais, as violações de direitos humanos e os casos de corrupção. Para isso, é fundamental que as empresas desenvolvam canais de denúncia estruturados, acessíveis e alinhados às agendas de proteção de pessoas defensoras, por exemplo. 

Com esse objetivo, o Instituto, em parceria com o Instituto Centro de Vida (ICV), conduziu a pesquisa “Canais de denúncias empresariais para proteção de defensores(as) de direitos humanos e ambientais”. O estudo mapeia e qualifica como o setor privado estrutura esses mecanismos e sua articulação com políticas de responsabilidade social, ambiental e de governança. A iniciativa visa contribuir para a criação de ambientes corporativos mais íntegros e comprometidos com a proteção socioambiental. 

Para o Ethos, a construção de uma agenda colaborativa entre setor empresarial, poder público e sociedade civil é essencial para garantir a segurança de quem atua na defesa do meio ambiente. A organização defende o fortalecimento de políticas públicas, o incentivo à escuta e participação social e o estímulo a práticas empresariais baseadas na integridade e na salvaguarda socioambiental. 

A Conferência Ethos 2025, que será realizada nos dias 12 e 13 de agosto em São Paulo, dará continuidade a esse debate, com painéis voltados à proteção de defensores ambientais, justiça climática e responsabilidade corporativa.