Flávia Scabin, Juana Kweitel, Ana Letícia Salla e Júlia Neiva falaram sobre necessidade de a sociedade civil incidir intensamente em direitos humanos.
É em época de crise que a garantia dos direitos humanos se faz mais necessária. Com esse propósito as organizações estão sendo convidadas para a discussão e direcionamento de ações, pois juntas elas podem traçar um cenário de desafios, mas também de oportunidades a serem desenvolvidas, a partir de um trabalho coletivo. Em síntese foi esse o foco do encontro que reuniu Flávia Scabin, professora da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV); Juana Kweitel, diretora de programas da Conectas; Júlia Mello Neiva, pesquisadora e representante sênior do Centro de Informação sobre Empresas e Direitos Humanos; e Ana Letícia Salla, coordenadora de práticas empresariais e políticas públicas do Instituto Ethos.
Os grandes empreendimentos e os impactos nos direitos do entorno foram abordados por Flávia que citou, como exemplos, o caso da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e a Boate Xingu, onde foi flagrado um ambiente de prostituição, inclusive com a presença de jovens menores de idade. A professora da FGV também comentou sobre os negócios entre empresas e comunidades tradicionais para o acesso e aplicação industrial da biodiversidade; o trabalho escravo de responsabilidade das empresas em relação à sua cadeia, e os instrumentos e indicadores para a gestão e o controle de impacto nos negócios. “Nosso objetivo é apresentar soluções completas trazidas por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores”, completou.
Daí a importância de atuações coletivas da sociedade civil, trabalhando junto às empresas e entidades de direitos humanos com ênfase aos aspectos de diversidade e inovação. O monitoramento de mecanismos internacionais foi a exposição de Juana, da Conectas, organização não governamental internacional, fundada em São Paulo, em 2011.
“As empresas precisam entender que os direitos humanos não se referem apenas às questões sociais e que a responsabilidade delas inclui também o entorno e as questões do dia a dia”, reiterou Júlia, comentando casos ocorridos no exterior e endossando a necessidade de avançar neste sentido.
“Precisamos aproximar a responsabilidade social e empresarial da linguagem dos direitos humanos, e também melhorar nossos canais de comunicação”, completou Ana Letícia, acrescentando, ainda, ser imprescindível a criação de uma agenda comum. No encontro foram objetos de análise as seguintes questões: como lidar com a pluralidade de temas e autores e como promover a diligência das empresas em relação aos direitos humanos.
Por Zulmira Felicio, para o Instituto Ethos.
Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes