Fundação Espaço Eco, Itaú-Unibanco, Carrefour e Pensamentos Transformadores trocam experiências sobre como implantar no dia a dia políticas para combater a exclusão e o preconceito.

A diversidade no quadro de funcionários colabora para o sucesso do negócio e para formar equipes melhores. Essa foi uma das conclusões a que chegaram os debatedores da mesa “Diversidade: O que minha empresa tem a ver com isso?”.

Para Guilherme Bara, gerente de relacionamento e diversidade da Fundação Espaço Eco, o tema da inclusão e da diversidade ocupa cada vez mais a agenda das grandes empresas. “Valorizar a diversidade tem que ser algo expresso na política da empresa. As decisões de contratação com critérios de inclusão ou promoção da diversidade não devem depender da opinião dos funcionários. Mas sim estar escritas nos documentos da companhia”, pontua ele.

Guilherme ainda ressalta que a empresa também precisa trabalhar quanto a mudança da cultura interna. “Um exemplo é o que aconteceu na Basf. A empresa oferecia a licença maternidade estendida para seis meses, mas poucas mulheres pediam. Fizemos campanhas e hoje 99% a utiliza”, diz ele, acrescentando que não adianta garantir um benefício se os funcionários se sentem constrangidos de pedir.

Segundo Carolina de Lucca Marini, coordenadora de diversidade e clima do Itaú-Unibanco, a diversidade tem que estar integrada aos produtos e aos processos das empresas. “Precisamos mostrar que a diversidade traz valor para o negócio e colabora em prol de mudanças importantes para a sociedade e as pessoas”, afirma.

Sócia da Pensamentos Transformadores, Vania Ferrari conta um episódio que faz refletir sobre o preconceito na hora de fazer seleção de pessoal. Certa vez ela colocou um anúncio em uma rede social para um trabalho e destacou que a vaga era apenas para transexuais. “Escrevi assim, para provocar o debate: “Se não for trans, não se inscreva. Viu como é bom?”. “Isso gerou uma polêmica enorme. Muita gente me execrou por isso, principalmente homens, brancos, profissionais de RH das empresas”, conta ela, dizendo que o lado positivo foi o grande questionamento que se abriu sobre o assunto.

Gerente de responsabilidade social e de diversidade do Carrefour, Karina Chaves diz que as empresas têm um papel importante no combate ao preconceito e à exclusão social. “Tivemos um episódio delicado em uma de nossas unidades com um lojista que alugava espaço de restaurante. Ele teve atitudes agressivas contra uma cliente transexual porque ela utilizou o banheiro feminino. A atitude do Carrefour foi rescindir o contrato com esse lojista”, relata ela. Após o episódio, um grupo LGBT que tinha a loja como ponto de encontro realizou ali um “beijaço” contra a homofobia e Karina conta que a manifestação teve apoio por parte da rede varejista.

 

Por Adriana Carvalho, para o Instituto Ethos.

 

Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes