Conferência Ethos em SP traz à tona a motivação da Coalizão Empresas e Direitos Humanos
Em sua apresentação Vanessa Tarantini, assessora de Direitos Humanos e Anti Corrupção da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, destacou os principais valores que norteiam os princípios chave do Pacto Global, nas áreas de direitos humanos, direitos do trabalho, proteção ambiental e combate à corrupção têm sua influência direta na provocação dos Direitos Humanos. “O principal objetivo do Pacto Global é encorajar o alinhamento das políticas e práticas empresariais com os valores e os objetivos aplicáveis internacionalmente e universalmente acordados. Dentro desses princípios, as empresas repensam suas posições e diante das questões que envolvem mulheres e crianças, entre outras, as companhias devem apoiar e respeitar a proteção dos direitos humanos reconhecidos internacionalmente”, disse Tarantini que completou: “Isso porque, os direitos humanos vão além de respeito”, acrescentou.
Vanessa integrou o painel: “Coalizão sobre Empresas e Direitos Humanos: como defender/promover essa agenda e fortalecer as organizações”, juntamente com ela, também participaram do encontro: Kátia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil; Juana Kweitel, diretora executiva da Conectas Direitos Humanos; Flávia Scabin, professora e pesquisadora da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Direitos Humanos e Empresas e a moderadora Sheila de Carvalho, coordenadora de projetos em práticas empresarias e políticas públicas do Instituto Ethos.
Os principais desafios de uma agenda dos direitos humanos e como as empresas têm que lidar com os impactos, com ênfase a ausência do Estado nessas questões foram temas abordados por Flávia Scabin. Assim sendo, “os mecanismos de escuta são importantes para a implantação de ações que dizem respeito aos direitos humanos”, avaliou Scabin. De acordo com Flávia, precisamos avançar em políticas públicas efetivas na prática, mitigar os riscos e reparando-os.
Por sua vez, Juana, do Conectas, reforçou a necessidade da existência dos defensores de direitos humanos para que essa agenda avance neste sentido. Em sua fala apontou números que evidenciam a realização de práticas efetivas nessa área. Em contrapartida, afirmou que “o Brasil é o país que mais mata defensores de direitos humanos e ambientais”.
“Estamos vivendo um momento extremo de desigualdade no Brasil”, completou Kátia. Para a diretora executiva da Oxfam Brasil, apenas observamos a responsabilidade das empresas na cadeia, enquanto elas têm compromissos globais. Há muitas iniciativas de direitos humanos, mas da teoria para a prática existe um vácuo grande. E finalizando, Katia apontou para o fato de o Brasil aprovar uma reforma trabalhista que alarga ainda mais a distância entre as empresas e a cadeia de fornecedores.
Por Zulmira Felício, para o Instituto Ethos
Foto: Clóvis Fabiano e Kleber Marques