Painel abordou segurança e convivência na Conferência Ethos no Rio

Questões relacionadas à segurança estão sob os holofotes das grandes cidades brasileira, sobretudo no Rio de Janeiro que tem alcançado índices alarmantes. Justamente por isso, a mesa de debates oferecida pela SulAmérica: Cidade, segurança e convivência – um diálogo sobre ações inclusivas no Rio de Janeiro, teve tamanha adesão.

A frase do título deste texto é de Raquel Willadiano, diretora do Observatório de Favelas, que em sua apresentação fez questão de denotar a necessidade de mudanças: “é preciso a ruptura com este atual modelo a fim de fortalecer o estado de direito”.

Como alternativa para esta questão Guilherme Pimentel, do Meu Rio, salienta a necessidade de investimentos. “Muitos estão tirando leite de pedra, imagine com investimento”. Sobre a atuação da Meu Rio, Guilherme abordou o DEFESAPP (grupo que recebe, via WhatsApp, denúncias de abuso policial), destacando que a ferramenta, que completou um ano, “enviou aos órgãos de controle um total de 195 denúncias, além de ter gerado uma série de análises”.

Para Guilherme “a violência de Estado é o ponto que devemos atacar para romper a escalada da violência. Quer controlar o crime? Controlem a polícia”, afirmou o coordenador de mobilização do Meu Rio. “Quando fazemos críticas à saúde e à educação todos entendem como uma busca por melhoria. Já quando o assunto é segurança, a percepção é que a crítica é ao agente de segurança. Por que estamos neste nível de debate?”, indagou.

Em consonância com esta fala, Thainã de Medeiros, co-fundador do Coletivo Papo Reto declarou o quanto a violência se tornou parte de seu dia-a-dia: “não sei se todos aqui já ouviram o som de um tiro, provavelmente sim e é algo que assusta, mas não mais a mim”.

Ao ser questionado pelo moderador, Tomás Carmona, superintendente de sustentabilidade da SulAmérica, quanto ao papel do setor privado a fim de coibir o aumento da violência Thainã respondeu: “eu vejo jovens de 17 anos com fuzil na mão, sendo que quando a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) chegou este jovem ainda era um garoto e havia a promessa de que haveriam projetos para ele não estar agora com o fuzil na mão. O que aconteceu no meio deste caminho? O Coletivo Papo Reto sem investimento realiza projetos de dança, arte…”, reafirmando, que como sinalizou Guilherme, “o investimento é importantíssimo neste processo”.

Por Rejane Romano, do Instituto Ethos

Foto: Thais Berlinsky