Mensagem na Torre Eiffel convoca a união dos países contra a mudança do clima. ©Michel Euler

Mensagem na Torre Eiffel convoca a união dos países contra a mudança do clima. ©Michel Euler

25 empresas que investem mais de US$ 600 bilhões integram uma iniciativa da ONU para diminuir investimentos com alto impacto na emissão de carbono.

A Coalizão do Portfólio de Descarbonização (PDC, do inglês Portfolio Decarbonization Coalition) anunciou nesta segunda-feira (7/12), durante a 21ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP21), em Paris, a adesão de mais duas empresas ao grupo: Allianz e ABP. Agora, a iniciativa internacional reúne 25 companhias que, juntas, controlam mais de US$ 600 bilhões em investimentos. O PDC orienta grandes empresas investidoras no monitoramento da emissão de gases do efeito estufa de sua cadeia de valor e estimula a diminuição gradual da “pegada de carbono”. “Ao aderir ao PDC, essas empresas estão mostrando que querem estar na linha de frente da redução do uso de carbono na economia”, defende Achim Steiner, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), integra o PDC, ao lado do fundo de pensão sueco AP4, da Amundi e do Carbon Disclousure Project (CDP).

Com esse novo anúncio, o PDC supera em grande medida a sua meta de reunir US$ 100 bilhões de carteiras de investimentos interessadas em diminuir os impactos ambientais de suas operações e colaborar, assim, para mitigar os efeitos da mudança climática. “O sucesso dessa iniciativa mostra claramente que os grandes investidores reconhecem o risco inerente que a mudança do clima pode representar, no longo prazo, a seus negócios”, defendeu Steiner. Durante uma entrevista coletiva em Burget, cidade da região metropolitana de Paris onde está sendo realizada a COP21, Steiner afirmou: “Estamos passando dos bilhões para os trilhões de dólares. Como somos uma das iniciativas que defende a transição do atual modelo de desenvolvimento para uma economia de baixo carbono, não me surpreenderia se as empresas que detêm mais de US$ 1 trilhão já estivessem realizando a descarbonização de seus investimentos”.

“A mudança climática exige uma ação rápida e de forma coletiva e continuada pelas próximas décadas. Nossos conhecimentos sobre os riscos, nossa resiliência financeira e o longo prazo de nossos investimentos nos ajudam a escolher o melhor perfil para proteger nossos clientes do aquecimento global”, defendeu Oliver Bäte, CEO da Allianz, grupo alemão que atua principalmente no ramo de seguros, em uma coletiva de imprensa.

Aumento progressivo no investimento na economia de baixo carbono
As empresas que fazem parte do PDC controlam carteiras de investimentos de mais de US$ 600 bilhões, mas qual parcela disso é efetivamente investida na economia de baixo carbono?

Mats Andersson, CEO da AP4, explicou que a coalizão trabalha sempre para construir pontes com as empresas e os fundos de investimentos e atua para um processo gradual de transição dos investimentos com alto impacto na emissão de gases do efeito estufa para uma economia de baixo carbono. Utilizando a experiência que tem na administração de fundos de pensão, ele lembrou que “não é verdade que os investimentos em tecnologia verde vão ocasionar uma menor rentabilidade”. Além disso, como líder de uma empresa que trata de fundos de pensão, Andersson precisa pensar em investimentos com baixo grau de riscos em um horizonte de 20 ou 30 anos. A escolha por investimentos mais sustentáveis é uma ação mais segura para os fundos de pensão. Para o CEO da AP4, a sequência para os empresários é lógica: “Logo você descobre que está fazendo isso diminuir os riscos mas também que está aumentando seus lucros”.

Por Pedro Malavolta, de Paris.