As empresas signatárias assumem compromissos voluntários em relação às mudanças climáticas e estimulam o governo a ir na mesma direção.
Por Jorge Abrahão*
Nesta quinta-feira (13/8), o Instituto Ethos e o Fórum Clima realizaram um evento em São Paulo para lançar a versão 2015 da Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas. O lançamento lotou um dos salões do Grand Hyatt Hotel de CEOs, representantes das empresas do Fórum Clima e de organizações da sociedade civil, bem como de empresas signatárias da Carta Aberta.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, encontraram espaço nas respectivas agendas para prestigiar o lançamento, porque entenderam os propósitos da Carta Aberta: compromissos voluntários assumidos por lideranças empresariais brasileiras para estimular o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono e o protagonismo do Brasil nas negociações internacionais sobre mudança do clima, na próxima Conferência das Partes (COP 21), a ser celebrada em dezembro deste ano, em Paris.
- O que o Fórum Clima traz de diferente e quais compromissos as empresas assumem?
Normalmente, as iniciativas da sociedade – setor privado incluído – listam uma série de demandas aos governos. No Fórum Clima, as empresas assumem compromissos voluntários em relação ao tema de atuação – mudanças climáticas – e estimulam o governo a ir na mesma direção, assinalando quais as medidas que mais podem contribuir para que o empresariado atinja as metas com as quais se comprometeram.
Nesse sentido, a Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas 2015 renova e amplia os compromissos assumidos pelas empresas na Carta Aberta de 2009, além de propor ao poder público um conjunto de sugestões para posicionamento e ações na agenda climática, nos âmbitos nacional e internacional.
- O que as empresas estão propondo ao governo para a COP 21? E para o país?
De modo bem resumido, as empresas querem que o governo proponha em Paris a meta global de zerar as emissões de GEE líquidas até 2050. Se os países adotarem essa diretriz, será possível estabelecer medidas conjuntas para uma economia de baixo carbono com inclusão social.
A nova Carta também propõe que, independentemente do resultado da COP 21, o país assuma para si, voluntariamente, o objetivo de zerar suas emissões líquidas de GEE até 2050. E mais ainda: que a média nacional de emissões per capita fique abaixo da média global.
- Como a presença de um ministro da área econômica e outro da área ambiental pode contribuir para a ampliação das empresas que assumem compromissos voluntários com as mudanças climáticas?
Em relação a 2009, a Carta deste ano já começou com o dobro de assinaturas. A presença dos ministros certamente vai inspirar mais ações e mais signatários.
Como destacou o jornalista André Trigueiro em seu blog no G1, o ministro Levy foi o primeiro titular da pasta da Fazenda a comparecer a um evento não organizado pelo governo para discutir mudanças climáticas. Como também estava presente a ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, foi iniciada, no pais, a construção de uma ponte para o diálogo entre a economia e o meio ambiente. Com isso, abre-se a oportunidade de se criarem ferramentas econômicas capazes de estimular, por exemplo, o uso de energias alternativas, o manejo sustentável da biodiversidade, a proteção de áreas de florestas e outros temas.
Essa perspectiva de diálogo incentiva as empresas a assumir os compromissos voluntários, porque elas se sentem seguras de que haverá uma resposta institucional ao esforço que vão empreender.
* Jorge Abrahão é diretor-presidente do Instituto Ethos.
Foto: Joaquim Levy, ministro da Fazenda, e Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos.
Crédito: Clóvis Fabiano