Especialistas discutem a importância do Índice de Desenvolvimento Humano e mostram exemplos de como replicar seu modelo também nas empresas.
Depois de décadas considerando apenas o produto interno bruto como um indicador de desenvolvimento de uma cidade ou país, hoje o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) já é uma ferramenta bastante utilizada e que permite avaliar, além da renda, fatores relacionados com a educação e a qualidade de vida da população. O assunto foi tema do painel “A aplicação do IDH para a geração e mensuração do impacto social”, oferecido pela Natura.
Gerente de parcerias e desenvolvimento para o setor privado do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Luciana Aguiar traçou um histórico sobre o IDH e destacou que hoje o Brasil ocupa a 75ª posição no índice. “O país tem um índice maior de IDH do que há alguns anos em função do aumento da expectativa de vida e da melhor taxa de escolaridade”, afirma ela, ponderando que o país ainda precisa evoluir em muitos aspectos.
Luciana ainda fez uma exposição sobre o Atlas do Desenvolvimento Humano, plataforma que permite fazer consultas ao IDH dos 5.565 municípios brasileiros e que fornece mais de 200 indicadores de demografia, educação, renda e trabalho, entre outros. “Essa é uma importante ferramenta para que se possa planejar melhor as estratégias de desenvolvimento para cada localidade”, afirma a gerente.
Os princípios utilizados para a formulação do IDH também podem ser usados em empresas. É o que mostra o exemplo da Natura, que realizou um estudo de IDH com mulheres e homens que trabalham como consultores para conhecer melhor seu universo e poder elaborar projetos que melhorem suas vidas. A pesquisa incluiu entrevistas com mais de quatro mil pessoas nos anos de 2014 e 2015. “Nesse período pudemos observar um avanço de 7,3% no índice, que passou de 0.550 para 0.590”, diz Cida Franco, diretora de relacionamento da Natura. A partir das informações que o IDH trouxe, a Natura elaborou projetos de educação e profissionalização que deverão contribuir ainda mais para o aumento do índice.
Já a Novartis apresentou seu trabalho de combate à hanseníase, também conhecida como lepra. Desde 2009 o Projeto Carreta de Saúde leva uma equipe multidisciplinar de profissionais aos municípios e regiões em que os indicadores estatísticos apontam maior incidência da doença. “Esse centro móvel leva informação, proporciona diagnóstico e tratamento para pessoas que dificilmente teriam acesso a isso”, diz Yara Baxter, diretora de Comunicação Corporativa e Responsabilidade Social da Novartis. O projeto atingiu até agora mais de 23 mil pessoas em 20 estados e diagnosticou mais de 2.000 casos. A iniciativa conta com o apoio do Ministério da Saúde, das secretarias estaduais e municipais de saúde, do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
Por Adriana Carvalho, para o Instituto Ethos.
Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes