Mesa da Conferência Ethos no Rio de Janeiro discute temática com participação de repórter com Síndrome de Down e líderes de empresas

A inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, apesar dos avanços da legislação, ainda é um desafio no Brasil. Atualmente, 6,2% da população do país tem algum tipo de deficiência. Olhando os dados do mercado de trabalho, 403,2 mil PcDs estão empregados. No Brasil há uma legislação que determina um número mínimo de pessoas com deficiência empregados que as empresas devem ter, a depender do seu porte. Contudo, é sabido que um baixo número de empresas consegue cumprir integralmente a legislação. Confira aqui os detalhes da legislação.

Para discutir as possibilidades e vantagens da inclusão de pessoas com deficiência nas empresas, a mesa “Práticas de inclusão das pessoas com deficiência”, da Conferência Ethos 360º no Rio de Janeiro, contou com a participação de Ana Lúcia Melo, gerente executiva de gestão para desenvolvimento sustentável do Instituto Ethos; Carla Bezerra, gerente de recursos humanos da EY; Eliane Carvalhar Damasceno, coordenadora de desenvolvimento de projetos da gerência de responsabilidade social do Sistema FIRJAN e Fernanda Honorato, repórter no Programa Especial da TV Brasil.

Ana Lucia Mello comentou as iniciativas do Ethos na temática da diversidade, em especial a construção do Guia Temático: Indicadores Ethos-REIS para a Inclusão da Pessoa com Deficiência que tem como objetivo ajudar empresas a mapearem e desenvolverem estratégias e ações para a inclusão e desenvolvimento da pessoa com deficiência.

Sobre a atuação das pessoas com deficiência no mercado do trabalho, Fernanda Honorato, a primeira repórter com Síndrome de Down do mundo, compartilhou suas experiências e desafios. Fernanda, que além de apresentadora, é atleta e rainha de bateria, contou que o apoio das pessoas foi fundamental às suas conquistas, em especial a de sua família e de seus líderes. A apresentadora disse que “as oportunidades são essenciais para as pessoas com deficiência. Tudo que a gente precisa é da oportunidade de ser reconhecida”.

Quanto a oportunidades, Carla Bezerra, gerente de recursos humanos da EY, compartilhou a experiência da empresa nas diretrizes de inclusão que os levou a ganhar por duas vezes o prêmio de “melhores empresas para trabalhadores com deficiência”. O cerne das atividades de inclusão está no programa EY Able que tem como objetivo incluir, capacitar e integrar a pessoas com deficiências em diversos setores da empresa. Além disso, a empresa também promove a sensibilização e treinamento dos gestores e das equipes para acolher estas pessoas. “Nós nos orgulhamos dos nossos processos de inclusão. Levamos a sério a inclusão, não apenas um cumprimento de metas. Queremos desenvolver o melhor em cada pessoa e para que eles sejam produtivos, desenvolvendo seu potencial”, finalizou Carla.

Eliane Carvalhar Damasceno, coordenadora de desenvolvimento de projetos da gerência de responsabilidade social do Sistema FIRJAN, apresentou a articulação entre diversos setores da organização para promover um ambiente mais diverso e inclusivo. A pergunta norteadora estava em como promover uma inclusão efetiva e o foco de trabalho estava na articulação da área de Recursos Humanos com os gestores e colaboradores das áreas para preparar a chegada e receber as pessoas com deficiência. “O nosso sucesso vem do trabalho em rede, com os parceiros que nos apoiaram na construção de espaços mais inclusivos e respeitosos. Sabemos que cada pessoa tem uma necessidade diferente, e, portanto, as adaptações para recebe-las foram feitas de acordo com a necessidade de cada um”, apresentou Eliane.

O desenvolvimento das pessoas com deficiência também é um tema de preocupação para a FIRJAN, “após a inclusão, queremos que a pessoa cresça dentro da empresa e trabalhamos suas competências técnicas e sócio-emocionais dando oportunidade para que o indivíduo se desenvolva integralmente. É um trabalho essencial, não se trata apenas de inclusão e sim de desenvolvimento, de ir além”, finalizou Elaine.

Por Bianca Cesário, do Instituto Ethos

Foto: Thais Berlinsky