“O uso do grafeno, material flexível, pode abrir infinitas oportunidades de negócios”, afirma Thoroh de Souza, coordenador do MackGrafe.
“Inovando a inovação.” A frase parece, de início, redundante, mas como interpreta o professor Thoroh de Souza, coordenador do Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno e Nanomateriais (MackGrafe), a junção das duas palavras significa evolução. O especialista participou do painel “Inovando a Inovação: Tecnologias e Empresas Disruptivas”, em 25/9, segundo e último dia da Conferência Ethos 360°.
Souza apresentou o grafeno, folha de carbono com a espessura de um átomo, rígida e flexível ao mesmo tempo. O material conduz eletricidade, como o ito – que cobre os celulares com a tecnologia i-touch. O material já se apresenta como matéria-prima para a fabricação de smartphones dobráveis, por exemplo, com um mercado potencial de US$ 1 trilhão. O que há de inovador nisso e como o Brasil pode aproveitar essa janela de oportunidade? “O grafeno viabiliza a eletrônica flexível, com a criação de celulares que se possa vergar e colocar no bolso”, respondeu.
O pesquisador mencionou o pesado programa de pesquisas em torno do revolucionário material criado pela Europa, no qual será aplicado US$ 1 bilhão. Na Coreia do Sul, o investimento governamental está na casa dos US$ 300 milhões. É nesse contexto que foi criado no Brasil o Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno e Nanomateriais (MackGrafe), coordenado por Souza na Universidade Presbiteriana Mackenzie. A equipe é composta por químicos, físicos e engenheiros de materiais, com uma missão bem específica: descobrir usos que possam trazer possibilidades singulares em diversas áreas dos setores industrial e tecnológico.
O desafio é investir em recursos que ofereçam novos meios de convivência e, ao mesmo tempo, representem ganhos para a sociedade, para o meio ambiente e para a competitividade das empresas. Agostinho Vilella, gerente de Client Centers da IBM Brasil, enumera alguns desafios para efetivamente se promoverem coisas inovadoras. “É preciso buscar novas formas competitivas, avaliar qual é a disponibilidade para investir nisso, qual a tolerância das empresas em correr riscos, entender quais os instrumentos necessários, coletar os resultados obtidos e entregar o produto.”
Quando se fala do tema para a geração Y, também chamada de “geração da internet”, Vilella dá diretrizes interessantes: “O segredo é tentar levar algo novo para onde o mercado quer e descobrir uma vocação para a sua empresa. E isso depende, muitas vezes, de ajustes a serem feitos na metade do caminho”.
Como mediador do debate, Valpírio Monteiro, sócio-diretor do GAD’, encerrou o painel com uma reflexão: “Se trabalharmos para mudar uma marca, uma empresa ou um serviço, a gente pode ser bronze. Se o foco for o público-alvo, seremos prata. Se o objetivo for a sociedade como um todo, atingiremos o ouro”.
Veja a cobertura completa do evento em www3.ethos.org.br/ce2014/.
Por Juliana Guarexick, da Envolverde, para o Instituto Ethos
Foto: Clovis Fabiano/Instituto Ethos