A discussão sobre como a regulação da inteligência artificial (IA) pode impulsionar a inovação reuniu especialistas de diferentes áreas em um debate promovido pela Revista Problemas Brasileiros e pelo Canal UM BRASIL, iniciativas da FecomercioSP, em parceria com o Instituto Ethos.
Participaram da conversa Regina Magalhães (consultora em Inteligência Artificial e Sustentabilidade), Valdemar de Oliveira Neto (diretor de Impacto Global da PERA Complexity BV) e Glauco Arbix (professor titular e coordenador do Observatório da Inovação do IEA-USP).
Ao longo do diálogo, os convidados destacaram o potencial da IA para impulsionar valor econômico, enfrentar desigualdades sociais e ambientais e apoiar a inovação tecnológica, desde que seja desenvolvida de forma ética, responsável e sustentável. Foram debatidos ainda os riscos de preconceitos nos sistemas, o impacto sobre empregos qualificados, o consumo intensivo de recursos naturais e a necessidade urgente de estruturas regulatórias flexíveis que acompanhem os avanços tecnológicos.
Desenvolvimento ético e sustentável da IA
Para Regina Magalhães, a construção de uma IA ética, responsável e inclusiva é indispensável. Ela destacou princípios como inclusão social, privacidade, segurança de dados e explicabilidade, fundamentais para garantir transparência e confiança pública. A especialista também alertou para o impacto ambiental do uso da IA, que, apesar de seu alto consumo de energia, pode gerar ganhos de eficiência e contribuir para mitigar as mudanças climáticas.
Inovação tecnológica e responsabilidade social
Glauco Arbix ressaltou os desafios que empresas enfrentam para adotar IA sem ampliar desigualdades sociais. Segundo ele, os benefícios são claros, mas os custos ambientais também exigem atenção, já que a tecnologia demanda grandes quantidades de energia, minerais e água. O professor ainda observou que o rápido avanço da IA pressiona reguladores e organizações a se adaptarem a novas funções e modelos de trabalho.
IA como ferramenta para enfrentar desigualdades
Valdemar de Oliveira Neto defendeu o potencial da IA para combater desigualdades e enfrentar desafios ambientais globais. Ele lembrou que tecnologias de IA já são aplicadas em áreas como modelagem climática, monitoramento de desmatamento e combate a crimes ambientais. Para ele, combinar dados tecnológicos com o conhecimento das comunidades locais é essencial para gerar soluções de maior impacto.
Impactos no trabalho e nas profissões qualificadas
O debate também trouxe reflexões sobre o futuro do trabalho. A IA já começa a transformar funções altamente qualificadas e pode gerar perdas de empregos em determinados setores. Os especialistas destacaram a necessidade de repensar a segurança social e os sistemas de financiamento público diante das mudanças estruturais no mercado.
Regulamentação como catalisador da inovação
Contrariando a ideia de que regulamentação trava o progresso, os especialistas reforçaram que regras claras podem impulsionar avanços tecnológicos. Áreas como saúde e aviação foram citadas como exemplos em que regulações rigorosas estimularam a inovação. Para além das normas, os especialistas apontaram a importância da ética corporativa e da participação do setor público para proteger a sociedade e garantir que a tecnologia seja usada de forma justa.