A Iniciativa Empresarial em Clima, grupo de organizações da sociedade civil e da academia que trabalham em torno do aquecimento global, lançam seu posicionamento sobre precificação do carbono.

Os avanços e as dificuldades que os países enfrentam no que diz respeito à redução de emissão de gases do efeito estufa foram discutidos na mesa de trabalho que reuniu Alexandre Kossoy, especialista financeiro do Banco Mundial; Inaiê Takaes Santos, pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVces); Flavia Resende, coordenadora de políticas públicas do Instituto Ethos, e Anicia Pio, gerente de meio ambiente da Fiesp.

No ano passado o Brasil apresentou a sua contribuição nacional designada, no qual foram definidas as metas de redução de emissões de gases de 36% até 2025, com base nos níveis de 2015, e de 43% até 2030. Ainda no ano passado, de um modo geral, as empresas brasileiras começaram a se engajar mais fortemente sobre o assunto; e o Ethos lançou uma carta com mensagens sobre a questão e também o “Posicionamento sobre mecanismos de precificação de carbono – 2016”. “Esse documento é uma iniciativa da IEC [Iniciativa Empresarial do Clima] e há um link para adesão das empresas”, informou Flavia. A secretaria executiva do IEC é compartilhada com o Ethos.

A pesquisadora do GVces, Inaiê, fez um histórico das experiências do órgão e falou sobre o objetivo primário da aplicação do carbono (instrumento que comunica de modo transversal com todos os segmentos envolvidos) e o custo que as emissões impõem à sociedade.

Inaiê discorreu sobre o posicionamento do IEC e o papel do GVces definindo que o aprendizado dessa experiência é muito rico, pois tem muitos atores envolvidos nesse processo. Na ocasião, a pesquisadora admitiu a importância do esforço histórica das empresas em termos de sustentabilidade.

Kossoy mostrou os números do relatório anual do Banco Mundial que serve de parâmetro para os investidores internacionais. Na identificação dos períodos da precificação de carbono, Kossoy destacou que: “de 1990 a 2004 havia oito sistemas que cobriam apenas 1% das emissões globais. No período de 2005 a 2016, nos primeiros sete anos existiam 12 novos sistemas e, nos últimos cinco anos, somam-se 43 sistemas que cobrem 13% das emissões globais”, explicou.

Hoje as empresas têm algum sistema, pois sabem que os investidores internacionais não se interessam por companhias com alto índice de emissão de carbono.

A Fiesp reconhece a importância do tema, mas é cautelosa quanto a isso. Até porque existem uma série de perguntas a serem respondidas, entre elas: como financiar as tecnologias para que as empresas possam fazer a transição para uma operação com baixo carbono? Quanto isso vai custar? Que medidas são essas? Qual é a política pública?

A Fiesp entende que a economia de baixo carbono é uma estrada sem volta, assim sendo, “temos que trabalhar para as mudanças de processos e insumos. Precisamos conhecer com mais profundidade o assunto, para ver o que é necessário mudar e como financiar as tecnologias para a transição”, defendeu Anicia. A Federação também quer saber como será arrecadado e aplicado o tributo para reduzir as emissões de carbono. Nesse sentido, sua posição é firme, pois é contra qualquer cobrança de impostos.

 

Por Zulmira Felicio, para o Instituto Ethos.

 

Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes