Ao mensurar seus impactos em toda cadeia de valor, a empresa se norteia no caminho para uma economia mais inclusiva, verde e responsável.
“Usar o poder dos negócios para solucionar problemas globais, construindo uma sociedade mais inclusiva, resiliente e compartilhada é o grande objetivo da empresa B”, definiu Camila Matos, coordenadora do Sistema B, no primeiro dia de atividade da Conferência Ethos 360°.
O painel “A importância da mensuração de impactos na cadeia de valor” discutiu como a metodologia de mensuração de impactos do Sistema B pode ajudar empresas a entender o seu real impacto na sociedade e modificar suas ações de modo que seu negócio seja positivo para a economia e para a sociedade, com melhores práticas socioambientais.
O Sistema B utiliza-se da metodologia BLab para mensurar os impactos gerados pelas empresas e ajudá-las a utilizar-se de seu poder no mercado para solucionar problemáticas ambientais e sociais. “Mais de 40 mil empresas já mensuraram seus impactos socioambientais”, afirma Camila Matos.
O impacto socioambiental gerado por uma empresa se estende a toda sua cadeia de valor. A mensuração desses impactos, fornece à cadeia de valor informações para avaliar se os impactos gerados estão sendo considerado em sua tomada de decisão, para assim, redefinir comportamentos e trabalhar em prol do desenvolvimento da comunidade e pela solução de problemas ambientais.
Para Camila Matos, a mensuração de resultados oferece a oportunidade de analisar as boas práticas e pontos críticos gerados pelas ações de toda sua cadeia de valor e desenvolver um plano de melhoria junto ao fornecedor, resultando em melhores decisões e diminuição de impactos negativos. “Para melhorar o impacto socioambiental da sua empresa o primeiro passo é medi-lo”, afirma.
Rio+B
O Sistema B, em parceria com o governo municipal do Rio de Janeiro, lançou o projeto Rio+B, com o objetivo de unir a iniciativa pública e privada na agenda de sustentabilidade da cidade do Rio e fazer com que a economia local se torne mais estável.
As empresas avaliam o impacto socioambiental por meio de um questionário online, gratuito e sigiloso. O próximo passo conta com 40 empresas que participarão do Laboratório Rio+B, em que serão acompanhadas no desenvolvimento de um plano de ação focado em ampliar impactos positivos para a cidade fluminense em uma transição para uma nova economia inclusiva, diversificada, circular e de baixo carbono.
Cases inspiradores
A Triciclos se define como uma empresa de reciclagem, mas mais que isso, uma Empresa B de mudança cultural. “Ser Empresa B faz parte da identidade da Triciclo” afirma Júlio Lima, diretor de operações da companhia.
A Triciclos é a primeira Empresa B certificada fora da América do Norte, e suas ações são focadas em trabalhar equilibrando os pilares social, ambiental e financeiro. A empresa trabalha com foco em potencializar a reciclagem em nível global, procurando criar sistemas que priorizem a economia circular.
Um exemplo é o trabalho que mantém junto ao Grupo Pão de Açúcar. A Triciclos faz a gestão de todas as estações de reciclagens do Extra. E de sete estações de reciclagem do Pão de Açúcar. “Algumas embalagens da marca Extra são feitas com produtos reciclados recolhidos na própria estação de reciclagem do supermercado, fechando, assim, o ciclo”, relata Júlio. “Uma mudança como essa trará um enorme impacto positivo na economia”, conclui.
A Danone é um exemplo de que uma empresa multinacional também pode estar alinhada aos valores da Empresa B. A multinacional francesa possui projetos ligados ao sistema B em vários países do mundo. “A Danone pensa em sustentabilidade desde 1972 e possui planos de desenvolvimento sustentável já estruturados até 2020”, afirma Charlotte Boulan, gerente da Danone.
A empresa possui três fundos ligados à cadeia de valor: O Danone Comunities, criado em 2007 para apoiar o desenvolvimento de iniciativas de negócios sociais que hoje funciona como uma incubadora de empresas social; o Danone Ecosysteme, de 2009, desenvolvido para apoiar pequenos produtores agrícolas e micro fornecedores visando reforçar constantemente o ambiente econômico da empresa e assegurando simultaneamente um impacto social positivo em torno dele; e o Livelihoods de 2011, fundo de investimento que ajuda pequenos agricultores a melhorar seus meios de subsistência.
No Brasil existem quatro projetos ligados ao Danone Ecosysteme, o Mandacaru, criado para ajudar famílias brasileiras a estabelecer negócios de produção de leite; o Novo Ciclo, iniciativa socioambiental para incentivar a coleta seletiva de lixo; o Kiteiras, focado no desenvolvimento do empreendedorismo para mulheres de baixo poder aquisitivo da região Nordeste; e o Cuidar é Viver, que tem como principal objetivo oferecer a formação de cuidadores de idosos para o mercado de trabalho.
A Danone encoraja o Sistema B no Brasil e no mundo. A empresa possui o programa Danone Way, que permite que subsidiárias meçam suas práticas e fornece diretrizes para incluir as prioridades estratégicas da Danone no que se refere ao desenvolvimento sustentável. “A mensuração de impacto afeta as tomadas de decisão da Danone. A empresa tem hoje a meta de reduzir em 50% suas emissões e de ser neutra em carbono até 2050. A mensuração de impactos nos auxilia a nortear o caminho para esse objetivo”, conclui Boulan.
Por Letícia Paiva, para o Instituto Ethos.
Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes