mobilidadeEstudo mostra que 60% das pessoas declaram possuir pelo menos um automóvel e 32% o utilizam diariamente. Mas, desses, 83% afirmam que deixariam o carro em casa.             

No Dia Mundial sem Carro (22/9), foi apresentada, na Conferência Ethos 360º 2015, a nova Pesquisa de Mobilidade Urbana, que desde 2007 é realizada pelo Ibope, por demanda da Rede Nossa São Paulo. Foram feitas 700 entrevistas, de 28 de agosto a 5 de setembro de 2015.

Alguns pontos destacados demonstram que o trânsito e o transporte coletivo ocupam a quinta e a sexta posições, respectivamente, nas principais preocupações da cidade.

A saúde ocupa o primeiro lugar desde 2008 e também se relaciona ao tema da mobilidade urbana, devido às doenças causadas pela poluição do ar. Quando os entrevistados foram perguntados sobre terem problemas de saúde relacionados à poluição do ar, 62% disseram que sim, embora a percepção sobre a poluição do ar tenha caído 21 pontos percentuais desde 2008.

Sobre o uso de transporte privado, 60% dos entrevistados declararam possuir pelo menos um automóvel e 32% o utilizam diariamente. Mas 83% afirmaram que deixariam o carro em casa se houvesse uma boa alternativa de transporte público.

Quando perguntados sobre o uso de bicicleta como meio de transporte, 73% afirmaram que nunca a utilizam, mas 44% a usariam caso houvesse aumento da segurança, tanto do ponto de vista do trânsito como em relação à violência urbana. Dos entrevistados, 59% são a favor de investimentos na construção e na ampliação de redes de ciclovias. Esse percentual é inferior ao dos últimos anos de pesquisa. No ano passado, por exemplo, esse índice foi de 87%.

Uma questão que está bastante em pauta nos últimos meses é o fechamento de ruas e avenidas para lazer. Dos entrevistados, 64% se declaram a favor. Já sobre a redução da velocidade nas principais vias, 53% se posicionaram contra.

Aproveitando a data escolhida para a apresentação da pesquisa, os entrevistados foram perguntados sobre o Dia Mundial sem Carro e 56% declararam intenção de participar da intervenção, deixando seus veículos em casa.

Segundo Horácio Figueira, consultor independente na área de mobilidade, São Paulo chegará a ter entre 10 e 12 milhões de veículos nos próximos anos. “O que dá para construir rápido são corredores de ônibus e faixas exclusivas. Todo o investimento público deveria se voltar para isto. Outro ponto relevante que precisa ser retomado é o transporte fretado, importante alternativa para a classe média.”

Jacob Grajew, fundador da EDCO2, citou a Década de Ações para a Segurança no Trânsito, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2010. À época, os números de vítimas fatais por acidentes de trânsito no Estado de São Paulo e na Espanha eram muito próximos. “Cinco anos depois, a Espanha reduziu de 15 mil para 3 mil mortes por ano, enquanto São Paulo permanece ainda próximo a 15 mil óbitos. Não é possível nos conformarmos com indicadores desse tipo. Há que se indignar e se pressionar para a reversão deste quadro”, concluiu.

Por Mirna Castro Folco (Envolverde), para o Instituto Ethos.

Fotos: Clovis Fabiano