Um novo modelo de educação, mais sustentável e que desenvolva o talento e a excelência, pode passar pelos negócios sociais

Por Cássia Vasconcelos Scaciotta*

Em tempos de transformação, o Brasil assume um papel inédito em sua história, firmando-se não somente como um importante protagonista global, mas também como um país que encontra nas gerações atuais, “uma geração hiperconectada, que sonha principalmente em ter acesso à formação profissional, bem como atuar como administrador ou empreendedor dentro de seu próprio negócio”, conforme recente pesquisa realizada sob o título “O SONHO BRASILEIRO”, da organização BOX 1824.

Neste contexto, destacamos a educação para o trabalho menos como elemento de necessidade e mais como fonte de descoberta de um propósito maior e de “caminhos que possibilitam criar e disseminar novos sonhos individuais e coletivos”.

Um bom norte para um novo modelo de educação mais sustentável, que desenvolva o talento e a excelência, o fazer por amor, a conexão coletiva, pontos estes de equilíbrio para o exercício pleno dos potenciais de uma geração mais cidadã e da melhoria da realidade em nosso país.

É aí que entram em ação os negócios sociais, o setor 2.5; um novo segmento composto por empreendimentos que tem como objetivo impactar positivamente a vida dos seus beneficiários, principalmente da população de baixa renda e que atuam em sua essência inicial em saúde, educação, habitação, meio ambiente, microcrédito e comércio solidário.

Existem diversos exemplos de negócios sociais na área da educação que visam impactar a vida de seus beneficiários: a EDUKAR financia alunos de baixa renda; o Melhor Escola.net é um serviço que conecta escolas e comunidade; já o Geekie oferece ao mercado soluções educacionais personalizadas, dentre outros.

Uma tendência apontada pelo estudo “Oportunidades em Educação para Negócios Voltados à População de Baixa Renda no Brasil”, promovido pela organização Artemísia, que é uma das responsáveis pelo fomento do campo dos negócios sociais no Brasil.

No estudo foram avaliados 650 casos o que deixou claro que há um mercado potencial de R$ 60 bilhões para a educação, sendo que, entre as iniciativas, destacam-se cursos e objetos educacionais, como games e softwares, que representam 78% do total.

Um segmento relativamente novo, porém em franca expansão, que tem em mãos um grande poder de transformação e inovação e sede de investimento, mas que também conta com grandes desafios: aliar a militância na educação ao ponto de vista do mundo dos negócios por meio de mentorias, da efetividade do impacto e o quanto isso reflete no desenvolvimento de outras áreas, além de conquistar o espaço de interlocução com o poder público para incentivar a inovação e o uso das tecnologias a favor da educação.

O potencial existe. As soluções também. Falta criar uma aliança fortalecida entre investidores sociais privados, poder público e o poder de inovação do empreendedorismo social.

Afinal, é missão crucial para nós enquanto nação, encontrar, desenvolver e aplicar novas fórmulas de educar, alicerce de qualquer país que prioriza o crescimento sustentável e a construção de legado nas próximas gerações.

* Cássia Vasconcelos Scaciotta, 33, publicitária pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, especialista em educação pela Universidade de São Paulo, é docente da FIAMFAAM, sócia da THIRD, soluções integradas e consultora parceira da Merege e Moussallem – Consultores.