Especialistas falam sobre as estratégias para reduzir as emissões de carbono nas atividades corporativas e incorporar a sustentabilidade no dia a dia das empresas.
Quando os primeiros alertas sobre os perigos do aquecimento global e das mudanças climáticas foram dados pelos especialistas há algumas décadas, muitos encararam o aviso com descrédito. Hoje, a despeito das indicações de que a ameaça já é uma realidade, ainda há dificuldade de a sociedade entender a gravidade da situação. Isso denota o tamanho do desafio de promover avanços sustentáveis no ambiente econômico. A análise foi feita por Denise Hills, superintendente de sustentabilidade e negócios inclusivos do Itaú-Unibanco e vice-presidente da Rede Pacto Global das Nações Unidas. Ela participou com outros especialistas da mesa “Modelos inovadores para uma economia mais verde e inclusiva”.
“Incorporar os conceitos de sustentabilidade na gestão das empresas é difícil, mas percebemos avanços”, diz Annelise Vendramini, coordenadora do programa de pesquisa em finanças sustentáveis do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces). Ela pondera que as empresas mudaram muito desde a Revolução Industrial e o motivo dessas mudanças se deve aos avanços da sociedade. “A economia é uma construção social. No GVces notamos um grande esforço das empresas em vários setores, em conjunto com a universidade e a sociedade, para encontrar novos caminhos”, diz ela. Como exemplo ela cita o crescimento no mercado financeiro dos chamados “Green Bonds”, títulos criados para financiar projetos que tragam benefícios ao meio ambiente. “O volume desses títulos ganhou força nos últimos três anos, evidenciando que o mercado de capitais também está preocupado com essas questões”, acredita Annelise.
O engenheiro florestal, consultor e empreendedor social Tasso Azevedo destaca que a demora que houve entre a ratificação do Protocolo de Kioto, em 1997 e sua entrada em vigor, em 2005, não deverá se repetir com o recém aprovado acordo firmado em Paris. “Ficou demonstrado que devemos trilhar o caminho mais rapidamente e por isso o Acordo de Paris deve entrar em vigor ainda este ano”, aposta Azevedo e completa: “Estamos passando hoje por um momento virtuoso de procura por produtos melhores e mais úteis para todos”.
Tasso ressaltou ainda que para zerar as emissões de carbono até 2050 é preciso acabar com o desmatamento. “Além de manter as florestas que capturam carbono, há uma tendência de melhorar as áreas marginais e de rios. É imprescindível também reflorestar as áreas já desmatadas”, diz ele. Para o especialista outra medida urgente é mudar o modelo energético, priorizando fontes renováveis como a solar e eólica. “Precisamos mudar hábitos de consumo. Frango e peixe demandam menos carbono na criação em comparação ao gado. Portanto as proteínas de baixo carbono devem ser priorizadas”, afirma.
Por Adriana Carvalho, para o Instituto Ethos.
Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes