Seria a crise econômica um impedimento para implementação, no Brasil, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU? Ou uma oportunidade?

O Brasil vive um dos piores períodos econômicos de sua história. Em meio ao cenário de desemprego crescente e incertezas econômicas, surge o desafio de implementação da Agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e com ele o questionamento: a crise seria um fator de impedimento para a implementação dos ODS no Brasil?

A discussão foi levantada durante o painel “Fórum de soluções: caminhos para superar os desafios da implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil”, realizado na Conferência Ethos 2016. Para Arilson Favareto, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), a crise não impede que o Brasil prossiga com a agenda de implementação dos ODS, pelo contrário, os ODS representam uma oportunidade para que o Brasil recupere sua economia, crescendo também em igualdade, inclusão e sustentabilidade.

Elias de Souza ressaltou que, apesar de estarmos vivendo um período econômico crítico, os orçamentos públicos já estão determinados. Cabe então, aos gestores, estabelecer como esse orçamento será gasto, contemplando os ODS e os anseios da sociedade, via projetos focados em saúde, melhoria de infraestrutura e educação. “Os governos locais possuem agendas claras de infraestrutura com verbas já estabelecidas destinadas a cada projeto. Porque não incluir nesses projetos diretrizes dos ODS? Não estamos em um momento de pensar individualmente, mas integrar esses projetos na busca pelo desenvolvimento sustentável”, expos Souza.

No setor privado, a agenda ODS surge como um desafio para as empresas. “Uma agenda de caráter público, desafia as empresas a saírem de sua zona de conforto e pensar além do seu campo de atuação”, declarou Fabio Abdala, gerente de sustentabilidade da Alcoa. As empresas foram participantes na formulação dos ODS, que fornecem diretrizes para orientar valores dentro das companhias, como a promoção de trabalho decente, inovação, redução na geração de resíduos e inclusão.

 

Por Letícia Paiva, para o Instituto Ethos.

 

Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes