Representantes do setor automotor e poder público participaram do debate

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), há 2 milhões de carros elétricos no mundo, sendo que somente em 2016, 750 mil veículos nesta modalidade foram vendidos. No Brasil, o cenário é bastante tímido. Segundo a ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos) há apenas 2,5 mil carros elétricos ou híbridos no país. Entre os principais entraves estão a falta de investimento governamental com subsídios e a não existência de uma legislação sobre o setor.

Além disso, os carros autônomos também são promessa para o trânsito do futuro, estimulando a economia compartilhada, mas ainda sem legislação no Brasil. Este último ponto já está sendo trabalhado pela prefeitura de São Paulo, segundo Sergio Avelleda, secretário de mobilidade e transporte da cidade. “São Paulo faz parte da iniciativa da Bloomberg para preparar cidades ao redor do mundo a fim de receber os veículos autônomos, o que inclui a legislação que regulamente este serviço”, compartilhou o secretário, na Conferência Ethos 360º São Paulo, na mesa “Eletromobilidade e meios de transportes autônomos: o futuro chegou”.

Sobre a tecnologia para os carros autônomos, Erwin Franieck, gerente de Engenharia de Produtos e Sistemas da Unidade de Negócios Gasoline Systems da Bosch, apresentou que “já há avanços e carros em testes, mas ainda há um longo caminho a percorrer para que isso se torne uma realidade, em especial no Brasil”. Os carros autônomos devem reduzir o número de carros em circulação, mas não está diretamente ligado com a diminuição do trânsito, visto que eles devem rodar mais por estimular a economia compartilhada, segundo pesquisas.

Flavio Lima, diretor de Engenharia e Inovação América Latina da Renault, complementou dizendo que “as iniciativas com motores elétricos já estão mais avançadas em outros países e o Brasil tem bastante potencial para investir neste modelo que gera menos poluentes, sobretudo pelo potencial de geração de energia limpa”. Contudo, “é importante levar em consideração que o país ainda não está preparado para um aumento da demanda energética que os modelos elétricos necessitam. Políticas de geração de energia também têm que estar no radar quando se fala desta iniciativa. A forma como a energia é produzida também é importante para que os veículos continuem com baixa emissão”, pontuou Avelleda.

Os veículos de transporte coletivo com uso de energia menos poluente também foi tratado na mesa, incluindo a questão do PL da Poluição, que atrasa a implantação de toda a frota de ônibus de São Paulo movida a energia limpa. “A legislação atual pede que todos os veículos sejam renovados até 2018 e hoje temos apenas 1% da frota que atende a legislação. A discussão na câmara é para que este prazo seja estendido. Não há capacidade de trocar toda a frota até o ano que vem”, apresentou o secretário de São Paulo. Além disso, Sérgio pontuou que apenas 7% das emissões da cidade de São Paulo são causadas pelos ônibus e que portanto, é preciso investir na mobilidade das pessoas de forma mais inteligente, com transporte coletivo rápido de qualidade que chegue a mais pontos da cidade. Ademais, “carros menos poluentes são necessários”, finalizou.

Por Bianca Cesário, do Instituto Ethos

Foto: Clóvis Fabiano e Kleber Marques