Desvios de verbas públicas, como a máfia dos fiscais da Prefeitura de São Paulo, foram descobertos graças ao big data. Investir na inovação pode elevar substancialmente a transparência e diminuir, consequentemente, a corrupção.

As novas tecnologias são ferramentas poderosas de combate à corrupção e terão o papel de empoderar os cidadãos, mas é preciso ampliar o ativismo e a cobrança de integridade dos entes públicos e de empresas privadas. Fernanda Campagnucci, analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental da Prefeitura de São Paulo, José de Arimateia Dantas, advogado, Gustavo de Medeiros Ferraz, coordenador de TI do Instituto Ethos, Thiago Rondon, diretor executivo da startup Studio Eokoe, e Haydee Svab, ativista da Transparência Hacker, entendem o controle social e combate à corrupção como processos de participação ativa, que precisam ser construídos em prol da transparência.

A mesa debateu também a dificuldade humana em lidar de forma eficiente e palatável com um volume gigantesco de informações disponíveis. Para isso, estão sendo criadas e popularizadas estratégias de livre acesso aos cidadãos. São canais diretos de denúncia, aplicativos de checagem, que possibilitam o monitoramento de ações da administração pública.

O acesso às informações por pessoas comuns e o mapeamento são conquistas possibilitadas pelas ferramentas de big data. “O big data traduz e aponta desvios que já estão nas prestações de contas em documentos e em envelopes nos órgãos públicos. A máfia dos fiscais da Prefeitura de São Paulo foi descoberta assim. Estava tudo em papéis que ninguém leu, mas os programas de apontaram padrões suspeitos”, explicou Campagnucci.

Outro ponto importante é a cobrança sobre a forma como os dados são disponibilizados. “A recente votação do impeachment não está no portal do Congresso. Só há uma ata. Isso ajuda? Não. Os dados devem estar abertos [indexados na web, em formato comum, de modo que seja facilmente replicável] e o cidadão tem o dever de cobrar isso, porque jogar dados na internet e dizer que presta contas inviabiliza a informação. Tem de estar disponível, em formato que todos possam acessar”, explicou Haydee Svab, ativista da Transparência Hacker.

 

Por Maíra Teixeira, para o Instituto Ethos.

 

Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes